Parceria mostra resultado de tecnologia usada em ações sociais no Amazonas

28/11/11 – “O nosso objetivo é fazer soluções aplicáveis e que possam ser utilizadas por um número maior de pessoas”, afirmou Kulsoom Ally, gerente do grupo de responsabilidade social da Nokia para a América Latina, ao falar sobre tecnologia móvel produzida pela empresa e os programas executados em benefício social nas áreas de educação, saúde e microempresa, durante o “Wokshop de avaliação do uso pelo estado do Amazonas de tecnologias Nokia para ações sociais”. O evento aconteceu, no auditório da Escola Superior de Tecnologia da Universidade Estadual do Amazonas (EST/UEA), na sexta-feira (25/11), e foi resultado de uma parceria entre a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia do Amazonas (SECTAM), Nokia do Brasil, Instituto Nokia de Tecnologia (INdT) e Fundação de Vigilância em Saúde (FVS).

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Dentre as tecnologias apresentadas no workshop, destaca-se o programa Nokia Education Delivery, que é um aplicativo que permite a entrega de conteúdo educacional para uso individual ou compartilhamento por grupos. Este aplicativo disponibiliza um catálogo de mídias ao usuário do telefone móvel e o conteúdo pode ser exibido através de um projetor. A gerente da Nokia deu como exemplo o resultado positivo acontecido na Tânzania (centro-leste da África), onde aumentou em 90 por cento a presença de alunos nas aulas de ciência e matemática.

Na área da saúde, foi apresentado o Nokia Peer Adhere (Nopa), um aplicativo para lembrete, motivação e suporte para um melhor tratamento com qualidade aos pacientes com o vírus HIV. Segundo Kulssom Ally, os objetivos desse aplicativo vão mais além do que um simples lembrete ou alarme no celular para tomar o remédio na hora certa. “A ideia é oferecer um serviço social por meio da integração das redes sociais, procurando trabalhar como suporte, educação e motivação aos pacientes”, explica a gerente. Inicialmente este aplicativo foi desenvolvido para pacientes com HIV, mas esta ferramenta pode ser útil para o tratamento de outras doenças (como a tuberculose, o diabetes e a depressão) nas quais os pacientes precisam de apoio e suporte social. O primeiro teste do aplicativo foi realizado em março de 2010, em Belo Horizonte, com um grupo de seis pacientes. 

Outra tecnologia desenvolvida pela Nokia e com benefícios sociais, voltados especificamente para as microempresas, é o My Shop. Este aplicativo oferece por meio do celular funções de contabilidade e controle de estoque. É um aplicativo novo e utiliza o telefone como ferramenta para que as microempresas possam melhorar o desempenho de sua subexistência no mercado e promover o crescimento do negócio.

Durante do workshop, foi apresentado também o Nokia Data Gathering (NDG), uma ferramenta institucional para coleta de dados rápida e precisa, criada em Manaus em 2008, e que está sendo utilizada pela FVS no controle da dengue desde 2009. O aplicativo NDG auxilia organizações a coletar dados utilizando um celular como opção aos questionários em papel. Segundo a gerente Kulsoom Ally, o aplicativo está disponível gratuitamente para download e utilização (open source). O NDG está sendo utilizado em outros países nas áreas de saúde, agricultura, censo e outras áreas.

Resultados – Para falar sobre a experiência com uso dessa tecnologia no combate à dengue e os resultados obtidos com a utilização do NDG, o biólogo Ricardo Augusto dos Passos, assessor técnico da FVS, explicou que adequaram o uso da tecnologia aos trabalhos realizados pelos agentes de saúde nas visitas domiciliares e avaliaram sua eficácia atingindo o objetivo em otimizar o processo da coleta de dados substituindo o questionário de papel pelo uso do celular, além de fazer o monitoramento dos índice de infestação em Manaus visando ações para eliminação do criadouro do mosquito da dengue.

Ricardo Passos explicou que para a realização deste trabalho utilizando a tecnologia NDG todas as informações do formulário em papel foram transferidas para o celular, sendo que os agentes foram treinados para realizar a pesquisa no celular. Ele ressalta que isso representou um salto na qualidade do serviço, pois os agentes se sentiram valorizados trabalhando com uma tecnologia nova.  Os testes com essa tecnologia foram realizados, no período de 2009 e 2010, na zona Leste e na zona Centro-Sul, enquanto que nas outras regiões o trabalho era feito manualmente, o que demandava um resultado final após 30 dias. Paralelamente, foi feito um monitoramento e visita em 944 pontos estratégicos da dengue como borracharia e ferros-velhos. “A tecnologia permitiu ter um controle diário das informações coletadas, permitindo a visualização precisa no mapa onde está localizado o foco do mosquito em menos dias”.      

O assessor da FVS enumerou as vantagens do uso da tecnologia do NDG, como exemplo, citou maior agilidade no envio das informações de campo, facilidade no envio e acompanhamento dos dados em tempo real, além disso permitiu o acompanhamento direto do trabalho dos agentes,  melhor armazenamento e atualização dos dados, recuperação de informações de forma mais eficientes e produção de informações mais precisas. Ele também enfatiza que a tecnologia permitiu gerar os mapas temáticos relacionados à presença da dengue, sendo uma excelente ferramenta na tomada de decisão visando o controle vetorial direcionando as ações de educação em saúde para combater a dengue.

A experiência da vigilância epidemiológica e o manejo de pacientes com casos graves de dengue durante a epidemia em Manaus, nos primeiros meses de 2011, foram apresentados pela técnica da FVS, Rosemary Costa Pinto. Ela conta que no início do ano, quando Manaus enfrentou a maior epidemia de dengue, um dos grandes problemas que tiveram foi a ocorrência de casos graves. Em função disso, foram pensadas alternativas do uso da tecnologia NDG para diminuir os riscos da epidemia. Em todo o Estado, foram registrados 62 mil casos e, em Manaus, em torno de 55 mil casos, concentrados nas primeiras 21 semanas do ano, com a ocorrência de 18 óbitos no Amazonas, dos quais 14 em Manaus.

Rosemary Pinto explicou que, em 2010 foram registrados 2.785 casos de dengue e, nos primeiros meses de 2011, foram registrados 57 mil casos, o que representa uma variação de 1.951 por cento a mais de casos em relação ao ano passado. Diante dessa circunstância, com o objetivo de evitar a peregrinação de pacientes pela rede e evitar a concentração dos mesmos nos prontos-socorros utilizou-se a tecnologia NDG da Nokia para identificar os pacientes graves, fazer a triagem e oferecer atendimento imediato.

A partir do momento em que foi instituído o uso dessa tecnologia, comenta Rosemary, os resultados obtidos foram: a suspensão dos óbitos por dengue, agilidade e precisão às notificações e análise rápida com a oportuna intervenção pela equipe médica. Para Rosemary Pinto “o melhor resultado a ser apresentado foram as vidas que foram salvas”. Segundo ela, o grande desafio para continuar o combate da dengue é conseguir mais aparelhos e financiamentos para que possa se estender o uso dessa tecnologia para outros municípios do interior. 

Imagem 1- Ricardo Passos, assessor da FVS

CIÊNCIA EM PAUTA/SECTAM, por Luciete Pedrosa