Parcerias são importantes para o desenvolvimento de CT&I no Brasil
CIÊNCIAEMPAUTA, POR CRISTINA LIMA
“Desafios e oportunidades para o desenvolvimento da ciência”, este foi o tema abordado pelo presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva, durante a 10ª Reunião Ordinária do Fórum Estadual de Gestores de Instituições de Ensino e Pesquisa, realizada pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI-AM).
Pesquisador e professor da Universidade Federal de São Paulo (USP), Oliva iniciou a apresentação enfatizando a satisfação em participar de um momento de discussão em que se encontram universidades, institutos de pesquisa, órgãos do Governo e instituições privadas. “É um momento fantástico e encantador para mim”, comenta.
Em seguida, falou da importância das parcerias que ajudam a identificar as áreas que necessitam de investimentos em cada Estado e a encontrar projetos que estão sendo realizados na área de C&T. Destacou ainda, o trabalho realizado junto às fundações de amparo à pesquisa e institutos de ciência e tecnologia que são de suma importância.
De acordo com Glaucius, há sete anos existe uma parceria entre CNPq e o Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam). O que permitiu um investimento de aproximadamente R$ 50 milhões, em ações diretas, como editais, bolsas de pró-atividades e bolsas de iniciação científica. “Eu vejo, hoje, o Amazonas como um grande ator no cenário nacional da ciência e tecnologia”, afirma.
Para ele, a ciência no Brasil cresceu nos últimos dez anos. Glaucius relembra que na década de 50 foi criado o CNPq e a Capes. “Era uma época em que haviam poucas universidades e instituições de formação de ensino superior, e com muita luta foram criados, na década de 60, os primeiros programas de pós-graduação. Já em 70, houve a expansão do sistema nacional de ciência e tecnologia no Brasil, época em que novas universidades foram sendo criadas. A partir de então, um forte programa de formação de doutores no exterior foi desenvolvido, e com a chegada desse grupo é que de fato se começou a conseguir fazer ciência de qualidade”, comenta.
De acordo com dados recentes divulgados pela Capes, no ano de 2013, o Brasil formou 14 mil doutores e mais de 43 mil mestres. “Isso se deve a um forte investimento na formação de mestres e doutores”, conta Glaucius.
Os grupos de pesquisas também vêm crescendo de forma significativa em duas décadas houve um salto de 4.500 para mais de 30 mil grupos. Assim, como houve crescimento no número de matrículas no País de 10 milhões para 7 bilhões de brasileiros no ensino superior. “Esse quadro é resultante dos esforços das instituições públicas e de aproveitamento de forma qualificada do sistema privado”. Paralelo a esse crescimento está a qualidade dos docentes. Em 2006, eram 35 mil professores com doutorado nas universidades públicas brasileiras, já em 2012, passaram a ser 72 mil. “É evidente que a pós-graduação tem tido um papel central no avanço da ciência brasileira”, reconhece o presidente do CNPq.
A Plataforma Lattes possui em seu banco de dados, mais de 3 milhões de currículos cadastrados. Desse total, mais de 500 mil têm mestrado e doutorado e outros 100 mil registram produção nova seja científica, cultural, artística nos últimos 12 meses. São registrados mais de 100 mil acessos por dia e mais de 15 mil upgrades. “O CNPq é uma fonte importante de informações para planejamento da ciência brasileira”, diz o presidente.
Para Glaucius é importante que os atores deste cenário de CT&I consigam de forma articulada apoiar novos estudantes, pois são eles que irão fazer a cara da ciência brasileira dentro de uma estimativa de pouco mais de dez anos.
Os desafios apontados por Glaucius para fazer ciência são: qualidade, impacto, relevância, maior atenção aos grandes obstáculos nacionais; apoio aos jovens pesquisadores; melhor aproveitamento dos investimentos destinados em infraestrutura para pesquisa; percepção da sociedade sobre o valor e importância da ciência; e educação básica, dentre outros.
CIÊNCIAemPAUTA, por Cristina Lima