Pesquisa cria software que utiliza música para ressocialização de crianças autistas

CIÊNCIAemPAUTA, por Aderson Silva

O autismo, que atinge cerca de 2 milhões de pessoas no Brasilé considerado uma perturbação do neurodesenvolvimento, com implicações severas no comportamento, comunicação e na interação social. Com grau de comprometimento de intensidade variável, os sintomas podem aparecer nos primeiros meses de vida, mas dificilmente são identificados precocemente. O mais comum é os sinais ficarem evidentes antes de a criança completar três anos.

Diante das características das crianças com autismo, o analista de sistemas David Lima, desenvolveu o projeto Music Spectrum, que consiste em criar um ambiente imersivo na prática do violino. O software utiliza a musicoterapia, que é o uso de música e de seus elementos – som, ritmo, melodia e harmonia – para a reabilitação social e cognitiva das crianças com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA), fornecendo suporte computacional adequado a sessões de musicoterapia em que a criança já esteja se preparando para ser incluída em grupos de musicalização infantil.

A pesquisa de dissertação de mestrado foi realizada no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Informática (PPGI) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), sob a coordenação da professora Thaís Helena Chaves de Castro e será defendida no próximo dia 28 de fevereiro.  O projeto foi aprovado e financiado pelo Programa Pró Assistir.

musicoterapia

Music Spectrum: um Sistema Colaborativo de Imersão Musical para Crianças com
Autismo.

De acordo com Lima, o aplicativo foi desenvolvido para o dispositivo móvel iPad para a apreciação e produção musical, seguindo o processo de desenvolvimento incremental com design de interface participativo.  “Espera-se, com isso, contribuir não só para o aprimoramento das habilidades musicais das crianças como também para o desenvolvimento de sua organização cognitiva e espacial. Nosso objetivo é disponibilizar o aplicativo gratuitamente em breve”, disse o pesquisador.

Ele destaca que a musicalização com suporte computacional é importante, pois utiliza-se de recursos triviais, como sons, música, voz e instrumentos musicais, propiciando os indivíduos com TEA aprimorarem suas habilidades sociais, emocionais, cognitivas e de comunicação.

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SOBRE O PRÓ-ASSISTIR

Lançado em abril de 2012, o Viver Melhor/Pró-Assistir foi idealizado pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas (SECTI-AM) e executado em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado Amazonas (Fapeam) e a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Seped).

Este foi o primeiro programa de tecnologia assistiva lançado no País a estimular a participação não somente de pesquisadores, mas também de inventores. A Fapeam disponibilizou por meio do edital 006/2012 recurso no valor de R$ 2,5 milhões para aplicação em projetos de inovação voltados ao desenvolvimento de produtos assistivos de maneira a contribuir para dar mais autonomia, independência e qualidade de vida a pessoas com algum tipo de deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida. O resultado foi considerado positivo na medida em que contemplou projetos de alto nível de qualidade.

CIÊNCIAemPAUTA, por Aderson Silva