Pesquisa estuda a ocorrência da resposta imune contra a leishmaniose

22/11/2011 – Estudo realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) identificou o aumento da quantidade de citocinas em pacientes infectados por Leishmaniose Tegumentar (LTA). As citocinas ativam os defensores naturais do sistema imunológico (defesa do organismo), que atuam contra possíveis infecções. Com estas informações será possível saber como se dá a resposta imune, antes e após o tratamento. Os resultados poderão ajudar no diagnóstico mais rápido da leishmaniose e na cura clínica.

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As informações fazem parte do projeto “Estudo do perfil da resposta imunológica de pacientes infectados por Leishmania spp. e o emprego de marcadores imunológicos no diagnóstico da Leishmaniose cutânea no Amazonas”. Os resultados são parciais e foram apresentados durante o Seminário de Avaliação Parcial do Programa de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde (PPSUS), realizado na semana passada em Manaus.

O programa é uma iniciativa do Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Susam), Ministério da Saúde (MS) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Os levantamentos estão sendo feitos na Unidade Básica de Saúde (UBS) Manoel Romão e Hospital Thomé de Medeiros Raposo, ambos em Rio Preto da Eva. Foram examinados 127 pacientes suspeitos de terem leishmaniose. Desse total, 77 apresentaram resultados positivos. Entretanto, 25 pessoas foram excluídas, por terem menos de 18 anos. Mas a meta é alcançar 87 pacientes. A pesquisa começou em agosto de 2010 e vai até setembro de 2012.

Durante a pesquisa, é avaliado o perfil da resposta imune de pacientes infectados por Leishmania guyanensis e Leishmania naiffi, antes e após o tratamento. O material coletado é levado à Coordenação de Pesquisa em Ciências da Saúde (CPCS/Inpa). No local, os parasitas são isolados, identificados e passam por outros processos de detecção das células de linfócitos, monócitos e citocinas, que são os defensores do sistema imunológico e geram a resposta imune.

“Verificamos que existem diferenças na estimulação celular e, provavelmente, na estimulação e produção de citocinas e imunoglobulinas. Após o tratamento com o medicamento glucantime, usado contra a leishmaniose, há uma queda na produção das células”, afirmou a coordenadora da pesquisa,  Doutora em Biologia Celular e Molecular pela Fundação Oswaldo Cruz, Antônia Maria Ramos Franco. Ela  explicou que a pesquisa também analisa a possibilidade de utilização do método intradermoreação, do Ministério da Saúde (MS), para averiguar a reação do organismo. Caso positivo, ao final, pretende-se utilizá-lo no diagnóstico precoce da doença.

“O antígeno é injetado no braço. Após 48 horas, verifica-se se houve resposta do organismo. Constatou-se a migração celular para a região onde o parasita morto foi injetado. Há resposta imune tardia. A região fica endurecida e avermelhada. O método é bom, pois consegue identificar indivíduos que tiveram a doença duas ou três vezes. O problema é que as pessoas não retornam para medir a resposta imunológica. Temos que ir até a casa delas, pois necessitamos do sangue após o tratamento para avaliar a diferença”, informou.

Conforme Franco, o objetivo é utilizar as duas metodologias no diagnóstico e cura clínica da doença, a fim de evitar processos mais danosos ao paciente como, por exemplo, a escarificação da ferida formada na pele.

Leishmaniose tegumentar (LTA)

É uma doença infecciosa, não contagiosa, causada por diferentes espécies de protozoários do gênero Leishmania. Classificada como negligenciada, a doença acomete pele, mucosas e pode afetar animais e o homem, secundariamente.

Sobre o PPSUS

Esse programa consiste em apoiar atividades de pesquisa que visem à promoção do desenvolvimento científico, tecnológico ou de inovação da área de saúde, em temas prioritários para o Sistema Único de Saúde do Estado do Amazonas.

Fonte: Agência FAPEAM, por Luís Mansuêto