Pesquisador defende acesso livre para a comunicação científica
Agência CT&I Amazonas, por Laize Minelli
Recife (PE) – Desde 2002, cientistas e instituições de pesquisa resolveram aderir ao fenômeno mundial do acesso livre às produções científicas. O caminho para o progresso da divulgação científica mundial pode ser a disponibilidade permanente na internet de documentos, artigos revisados completos de conferências, congressos, dissertações e teses.
Esclarecimentos sobre o acesso livre, o que é, como deve ser feito e quais os seus benefícios foram os assuntos abordados pelo professor Hélio Kuramoto, do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), na quinta-feira (25/07), durante a mesa-redonda ‘Acesso livre: oportunidade para maior visibilidade da ciência praticada no Brasil’, realizada durante a 65ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
De acordo com o professor, o alto custo das revistas científicas dificulta aos comunicadores o ciclo da divulgação científica tradicional, tanto no que diz respeito a fazer publicações como a ter acesso a artigos publicados. A solução seria abrir os materiais para o público. “A ideia do acesso livre garante uma produção científica de qualidade, disponível permanentemente, completa e sem custos na internet”.
Segundo Kuramoto, o Brasil está há alguns passos na frente de outros países com o portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “No Brasil, temos a felicidade de termos a Capes que ajuda nossa ciência, mas países como México, Peru, Chile, não têm coisa semelhante”, disse o professor, enfatizando que muitos ficam excluídos do processo de conhecimento, o que ele chama de ‘exclusão cognitiva’.
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A situação do País é de contínua busca pela aceleração do desenvolvimento científico e tecnológico. Foto: Agência CT&I Amazonas/Alfredo Fernandes
A situação atual do País é de contínua busca pela aceleração do desenvolvimento científico e tecnológico. Dados do Capes indicam que, ao longo dos últimos 15 anos o Brasil passou a investir mais em periódicos. Em 2010, foram mais de 60 milhões de reais, mas ainda há a necessidade de mais investimento.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), apresentados na palestra, mostram que países com renda per capita baixa não costumam ter acesso às assinaturas de revistas científicas, e que nos Estados Unidos os gastos com aquisição de periódicos cresceu mais de 321% de 1986 a 2006, comprovando a tese de que é preciso criar uma cultura de acesso livre. “Somos conhecidos, mas não o suficiente para trazer riquezas ao País e o acesso livre é certamente um ótimo caminho para isso”, afirmou.
Para Kuramoto, os resultados obtidos pelo acesso livre mostram que ele é um movimento global e irreversível. “Mais de 30% da produção científica já está colocado com acesso livre, esta é uma nova forma de disseminar a ciência, este é um caminho, é preciso fazer mais. Isso não é uma iniciativa que vai beneficiar um único País”, concluiu o professor.
Agência CT&I Amazonas, por Laize Minelli