Pesquisadores criam Conselho Científico da Amazônia para analisar desenvolvimento de medicamentos para câncer, Aids e infecção
28/02/2012 – Diante dos desafios de se criar medicamentos inovadores para o combate ao câncer, ao vírus HIV e infecção e dor, pesquisadores do laboratório Kyolab fundaram o Conselho Científico da Amazônia para servir de suporte científico aos processos que devem gerar esses produtos.
O nome Amazônia é uma alusão à patrocinadora Amazônia Fitomedicamentos, empresa do Grupo Ypioca, de capital 100% nacional, que desde 2003 já investiu R$ 200 milhões em estudos e pesquisas para o desenvolvimento desses medicamentos.
Formado por um grupo de pensadores científicos, como farmacêuticos, farmacologistas, médicos e químicos, os membros vão analisar as pesquisas e estudos em andamento com intuito de colaborar com a eficácia no desenvolvimento desses medicamentos, o que contribui para o enriquecimento do cenário científico nacional.
"Em função desses três produtos com características tão fortes e importantes, precisamos de uma massa crítica, de especialistas, para saber os rumos a serem tomados [nos processos], pois são três produtos de vanguarda mundial", explica o presidente do conselho, Luiz Francisco Pianowski, que também preside o Kyolab. Experiente na área de pesquisas, Pianowski é ex-diretor do laboratório Aché e um dos inventores do antiinflamatório Achéflan, um produto totalmente nacional (desenvolvido e testado no Brasil).
Pelo fato de o processo de pesquisas clínicas com humanos ser moroso e burocrático no Brasil, os testes dos novos medicamentos são realizados no País, em parte, e no exterior.
Aids – No caso do vírus HIV, ele diz que um dos principais desafios hoje é desenvolver um produto inovador capaz de entrar na célula do organismo infectado e expor o vírus ao medicamento para, posteriormente, ser destruído. "Esse será o único produto que retira o vírus HIV de dentro da célula e o expõe para o medicamento matar", explica Pianowski, referindo-se ao produto (AM12) em desenvolvimento pelo laboratório Kyolab. Estima-se que existem cerca de 600 mil portadores do vírus da Aids no Brasil.
Pianowski informa que os cientistas estão na fase final dos testes pré-clínicos (anteriores aos testes em humanos). O próximo passo a ser dado, segundo disse o presidente do conselho, é testar o produto em um macaco Rhesus, em Washington (EUA), por ser um animal que pega o vírus de Aids.
Câncer – No caso do medicamento (AM10) para combater o câncer, Pianowski afirma que as pesquisas também estão em processo avançado. Ou seja, na segunda fase em vários hospitais do Brasil.
Por sua vez, a primeira fase das pesquisas para a criação do antiinflamatório (para dor e infecção) será realizada na Alemanha, em meados de março. Pianowski esclarece que no país alemão o processo de análises clínicas em humanos é rápido e válido no mundo inteiro. Já a segunda fase de testes será realizada em vários países, incluindo o Brasil.
Conforme observa Pianowski, o País precisa explorar seu potencial. "O Brasil tem 25% da biodiversidade [do planeta] e os medicamentos [em parte] vêm das plantas. Nossas universidades estão cheias de boas pesquisas nas prateleiras. Temos de tirar as pesquisas de dentro das universidades para colocar nossos produtos nas prateleiras do mercado mundial", defendeu ele.
Especialistas membros – Fazem parte do conselho nomes como João Batista Calixto, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), um dos mais laureados farmacologistas brasileiros, e Dirceu Raposo, ex-presidente da Anvisa e com vasto conhecimento em bioquímica. Na lista constam também Eloan Pinheiro, uma das responsáveis pelo desenvolvimento dos genéricos no País, que trabalhou na Organização Mundial da Saúde (OMS), é conselheira da UNITAID, organismo internacional fundado por iniciativa do Brasil e França em 2006, e ex-presidente da Farmanguinhos (Fiocruz); e Amilcar Tanuri, um dos maiores nomes em HIV do Brasil, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e convidado da Columbia University, ex-membro do CDC de Atlanta e do conselho da OMS. Outro membro do conselho é João Paulo da Silveira Nogueira Lima e seu colega João Nunes, oncologistas do Hospital do Câncer de Barretos. Integra o conselho também Denise Marotta, farmacêutica da Amazônia Fitomedicamentos.
Segundo Pianowski, os profissionais do Conselho foram cuidadosamente escolhidos e convidados para compor essa entidade. "Cada um que faz parte desse conselho tem um papel de extrema importância nos avanços dos estudos e, portanto, nos resultados que serão alcançados" declara Pianowski.
Fonte: – Jornal da Ciência, por Viviane Monteiro