Pesquisadores prestam tratamento humanizado aos pacientes com feridas crônicas

Expressão de alegria e gratidão. Essa é a principal característica visualizada entre os 36 pacientes atendidos por professores e alunos do curso de Enfermagem da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). O acompanhamento é feito no Laboratório de Estomaterapia, da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESA) e faz parte do projeto de pesquisa intitulado “Efeito da Película Protetora de Terpolímero nas Bordas de Úlceras Venosas”.

Os pacientes foram selecionados em janeiro na Fundação Hospital Adriano Jorge (FHAJ)e no Ambulatório Araújo Lima, em Manaus, e com o apoio dos seus respectivos médicos, receberam o convite dos professores para participar dos estudos. O grupo recebe tratamento específico para a cicatrização das feridas, com curativos a cada três dias. O atendimento é feito diariamente, de 8h às 12h, inclusive nos fins de semana e feriados. Além disso, são oferecidos acompanhamento nutricional e psicológico – com encontros semanais toda sexta-feira, de 10h às 12h.

Após dois meses de tratamento, os resultados já são comemorados pela equipe. “Temos uma professora para fazer, exclusivamente, o estudo da evolução do processo de cicatrização e já observamos resultados extremamente satisfatórios. Esse resultado influencia diretamente na auto-estima dos pacientes. Muitos deles já chegaram até nós sem esperanças e hoje estão otimistas com o tratamento”, afirma a coordenadora do projeto, professora Selma Perdomo.

O sucesso, na opinião dos profissionais e pacientes, é fruto da qualidade dos produtos utilizados, terapia adequada e principalmente pela frequência dos curativos. A aposentada Arcanja Evangelista da Silva, 63, fala com alegria sobre o sucesso de seu tratamento.

“Faz muito tempo que eu sofro com essa ferida e faço tratamento há pelo menos seis anos. Mas foi aqui que consegui melhorar, mesmo com poucos dias”, comenta Arcanja.

Para Maria de Nazaré Silva, 67, o tratamento renovou suas esperanças para voltar a ter qualidade de vida. “Antes de ser acompanhada pela equipe da UEA, eu passei quase um mês sem fazer curativo, o que agravou a minha situação. O paciente que não pode fazer curativos com frequência, assim como temos aqui, ele se isola e se não tiver muita fé em Deus é possível até que ele faça uma besteira: se jogue na frente de um ônibus, porque o odor fica insuportável”, declara.

A aposentada também conta que muitos pacientes encontram no grupo a atenção que falta dentro do próprio lar. “Todas as professoras só falam com a gente rindo e às vezes na nossa família nós não temos isso, não recebemos esse tratamento”, relata.

PROJETO DE PESQUISA

O projeto de pesquisa que trata os pacientes com úlceras venosas foi elaborado em 2012 e conta com uma equipe formada por oito bolsistas. Destes, quatro são professores e quatro são alunos do curso de Enfermagem. A equipe é composta, ainda, por mais duas voluntárias e duas alunas do Programa de Residência em Enfermagem, da UEA, que estudam questões específicas da Gerontologia.

Os 36 pacientes serão acompanhados até o mês de maio, quando retornarão aos hospitais nos quais iniciaram o tratamento. “Estamos tratando com doenças crônicas. O paciente recebe um longo tratamento e, por isso, deverá retornar à equipe de saúde que pertencia anteriormente. Isso acontece porque temos um prazo específico de realização dos estudos”, explica Selma Perdomo.

Para o início do tratamento no Laboratório de Estomaterapia, da UEA, os pacientes realizaram exames de ultrassonografia dos membros inferiores para excluir a doença arterial, já que o foco do estudo é o tratamento de pessoas com úlcera venosa.

O projeto faz parte do Grupo de Pesquisa em Ciências da Saúde da ESA e contou com o apoio da Fundação Muraki, na aquisição de equipamentos e negociação para compra de produtos mais baratos e de boa qualidade. Para a implantação do Laboratório de Pesquisa em Estomaterapia, a UEA recebeu recursos financeiros de aproximadamente R$ 400 mil.

TRATAMENTO

Um novo projeto, já escrito e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, terá como público alvo os pacientes que por algum procedimento cirúrgico tiveram que desviar o trânsito intestinal para o abdômen, chamados de pacientes estomizados.

O início desta atividade está prevista para janeiro de 2014 e os pacientes também serão selecionados pelos professores. “As pessoas com estomias precisam de cuidados específicos em relação à pele, orientações para a coleta de efluentes e reabilitação a sociedade de forma geral, pois se trata de uma fase muito dramática para cada um deles”, finaliza Perdomo.

Fonte: UEA