Pesquisadores do Museu Goeldi descobriram 169 novas espécies entre 2010 e 2013
Nos últimos quatro anos, pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/MCTI) descobriram 169 novas espécies, sendo 14 de plantas e 155 de animais. O número sinaliza o aumento considerável no esforço de coleta e análise de dados de campo. Para efeito de comparação, no Catálogo Espécies do Milênio , apresentado em 2012, o museu relacionou 130 novas espécies (49 da flora e 81 da fauna), fruto de 11 anos de pesquisa da instituição (2000-2011).
Grande parte dos números recentes derivam do grupo dos aracnídeos, com a descoberta de 112 espécies e sete gêneros, seguido do de peixes (12), aves (10), anfíbios (10), répteis (seis), dípteros (quatro) e mamíferos (um). Na flora, entram na contagem 13 espécies de angiospermas e uma de briófita.
O zoólogo do MPEG, Alexandre Bragio Bonaldo. explica que o crescimento de informações sobre o grupo que estuda, os aracnídeos, deu-se com a participação desde 2007 no projeto colaborativo Planetary Biodiversity Inventory (PBI).
Pequeno e expressivo, o primata Mico rondoni merece destaque por ter sido o primeiro mamífero da Amazônia cuja descrição envolveu um trabalho interdisciplinar em morfologia externa e do crânio, biologia molecular, ecologia e comportamento.
PADRÕES COMPLEXOS
A distribuição de espécies na Amazônia não é aleatória. Diferentes espécies e subespécies ocorrem em margens opostas dos grandes rios, um fenômeno descrito unicamente na região.
Estudo do ornitólogo, Alexandre Fernandes, do MPEG, aponta que rios menores da Amazônia, como os afluentes do Rio Madeira, também delimitam a distribuição de aves. Num deles, o Ji-Paraná, localizado em uma das áreas mais ameaçadas da região, diversas espécies foram descobertas recentemente e algumas, ainda não descritas, são restritas a pequenos fragmentos de floresta. Esse trabalho mostra que os padrões de distribuição e diversidade de espécies ao longo das bacias amazônicas são muito mais complexos e que a variedade é ainda maior do que se imaginava em regiões altamente impactadas.
As pesquisas envolvendo análises genéticas integradas a outros estudos podem auxiliar a detectar espécies que, à primeira vista, aparentam ser uma só. Recentemente, pesquisadores descobriram o torom-de-alta-floresta (Hylopezus whittakeri), “escondido” entre as populações de torom-carijó (Hylopezus macularius) depois de investigarem diferenciações na genética, na morfologia e no canto. Com as análises genéticas, o número de aves conhecidas no Brasil deve dobrar até 2050. O País já é o segundo com a maior diversidade de aves conhecidas: 1.840.
Em 2013, a edição Handbook of the Birds of the World apresentou, de uma só vez, 15 novas espécies de aves, das quais oito foram descritas por pesquisadores do Museu Goeldi.
Fonte: Agência Museu Goeldi