Pesquisadores precisam se apropriar de conceitos de divulgação científica

Agência CT&I Amazonas, por Luís Mansuêto

Antônio Carlos Pavão, diretor do Espaço Ciência e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Foto: Reprodução

Recife (PE) – Ao longo da história humana as nações que mais se desenvolveram foram as que detinham o conhecimento, que sempre foi utilizado como sinônimo de poder. Por isso, é necessário reconhecer a importância social e política do saber científico como fator de mudança da história. Foi o que explicou o diretor do Espaço Ciência e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Antônio Carlos Pavão. Ele foi o palestrante da conferência ‘Produção e Divulgação Científica: o binômio necessário’, que fez parte da programação da 65ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O encontro ocorreu na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em Recife.

Durante a palestra, Pavão citou alguns fatos históricos que mudaram o rumo da humanidade, por exemplo, a descoberta da bomba atômica e as grandes navegações realizadas por Portugal e Espanha, as quais buscavam as especiarias da Índia (cravo, pimenta). “As descobertas ajudaram a desenvolver a Europa. Os produtos eram estratégicos para esses países”, salientou.

Conforme Pavão, a ciência é uma produção social, entretanto, a apropriação é individual. Significa que pessoas participam do processo de construção do pensamento, da ideia, dos produtos, mas no final uma empresa ou pessoa se beneficia. Ele fez um paralelo com a produção de um carro, em que várias pessoas constroem o veículo, mas no final a empresa é quem ganha.

“A apropriação também deveria ser social. Temos que entender que a construção do conhecimento é coletiva. Quando construo uma teoria alguém também trabalhou antes para o desenvolvimento da pesquisa, com outras teorias que aOlho Padrão- Ascom10judaram na conclusão do projeto”, pontuou.

Produção, divulgação e ensino de ciência são termos indissociáveis, segundo Pavão. Antes, na opinião do pesquisador, a divulgação das pesquisas era mais simples, natural e clara. “Hoje, nem o próprio pesquisador entende o que ele está escrevendo”, brincou.

A saída para que o pesquisador faça divulgação científica, de acordo com Pavão, é aproveitar todos os espaços disponíveis, entre eles: a publicação de artigos, participação em eventos científicos, ou seja, usar todos os espaços disponíveis porque tudo tem Ciência. “O cientista não tem formação para fazer divulgação científica, por isso, precisa se unir a profissionais que conheçam de arte, jornalistas, designers, artistas. Pessoas que saibam dizer o que o pesquisador quer comunicar”, declarou.

Na opinião de Pavão, é preciso que o cientista se aproprie dos conceitos de divulgação científica, afinal o conhecimento é para ser compartilhado e discutido e não para ser propriedade de ninguém.

Agência CT&I Amazonas, Luís Mansuêto