Por que inovação?

Por Odenildo Sena*

Outro dia, em mensagem no Tuíter, fiz lembrar que, de certa forma, Cecília Meireles foi precursora do conceito de inovação tecnológica. Há um poema seu, do qual nunca me esqueci desde a primeira leitura, ainda no colegial, cujo mote alerta a nós, pobres mortais, para o fato de que “a vida só é possível reinventada”. A poetisa, sem dúvida, se referia à fugacidade da vida e, diante dessa circunstância, à necessidade permanente de criarmos mecanismos para enfrentar no cotidiano esse destino implacável, mas vejo como perfeitamente plausível associarmos esse princípio à inovação tecnológica. Ora, se reinventar a vida é preciso, para darmos razão à existência, inovar tecnologicamente é preciso, para darmos sustentação à competitividade, ao desenvolvimento econômico e social, ao bem-estar das pessoas e à soberania do país. Não precisa muito conhecimento de causa nem estar inserido no campo de atuação da CT&I para se perceber a velocidade com que hoje acontecem as inovações tecnológicas. O que consideramos vanguarda tecnológica hoje perde esse status em pouco tempo. Ter fôlego para a competitividade, portanto, é ingrediente fundamental para se inserir no limitado universo de países que dão as cartas e dominam as novas tecnologias. E por que dão as cartas? Porque não se limitam a exportar insumos nem commodities. Exportam tecnologia sofisticada e detêm as patentes do que produzem, o que não sai barato para quem compra. O desenvolvimento econômico e social, por sua vez, é corolário natural da competitividade, porque permite a produção e distribuição mais equânime das riquezas entre os cidadãos. Nações que conseguiram consolidar a cultura da inovação, sem sombra de dúvida, têm muito mais a oferecer de bem-estar às pessoas, e isso passa, necessariamente, por maior longevidade e melhor qualidade de vida, coisa que não exige grande esforço para se perceber. Basta aferir a expectativa de vida em países periféricos e em países desenvolvidos. Finalmente, a inovação tecnológica de ponta, em todas as áreas do conhecimento, como política consolidada de Estado é o alicerce para a soberania de qualquer país. Quando afirmo que “sem inovação não há solução”, tenho clareza de que a rima é pobre, mas a relação de causa e efeito representa uma sensível realidade.

* Odenildo Sena é Secretário de Ciência e Tecnologia do Amazonas e presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti). Este artigo é publicado simultaneamente no Diário do Amazonas e no Portal Amazônia.