PPBio promove expedição científica à Terra do Meio, no Pará

23/04/12 – Localizada entre os rios Xingu e Iriri, no sudeste do Pará, a Terra do Meio abriga alguns dos maiores remanescentes florestais do estado. Os 7,9 milhões de hectares formam um mosaico de Unidades de Conservação (UC) nos municípios de Altamira, São Félix do Xingu e Trairão, que são ainda grandes lacunas do conhecimento científico na Amazônia. Além disso, a Terra do Meio sofre fortes pressões por estar situada em uma das fronteiras de desenvolvimento da Amazônia.

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Para conhecer a biodiversidade desta região, o Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio) da Amazônia Oriental promove uma mega expedição científica ao Parque Nacional da Serra do Pardo, no coração da Terra do Meio, entre 15 de abril e 5 de maio. O objetivo da expedição é realizar um levantamento ecológico para obter dados iniciais desta região pouco conhecida, proporcionando um conhecimento básico que será incorporado às coleções científicas do Museu Paraense Emílio Goeldi e auxiliará a elaboração do plano de manejo do PARNA.

Esta é a maior expedição científica já realizada nesta área, no que se refere à quantidade de pesquisadores e estudantes envolvidos. A equipe totaliza 40 pessoas entre técnicos, auxiliares de campo, pesquisadores e alunos da Pós-Graduação em Botânica e Zoologia do Museu Goeldi e da Universidade Federal do Pará (campi Belém e Altamira) para coletar o maior número possível de dados biológicos preliminares de invertebrados aquáticos, insetos terrestres, aracnídeos, peixes, répteis, aves, mamíferos e plantas briófitas e pteridófitas.

Segundo o coordenador do Núcleo regional do Leste do Pará do PPBio, Alexandre Bragio Bonaldo, a Terra do Meio pode abrigar uma grande quantidade de espécies raras ou endêmicas (que só ocorrem em um determinado local): "Esta expedição tem tudo para ser um marco para a Terra do Meio no que diz respeito ao conhecimento dos animais e plantas da região (…) Esperamos que nossos pesquisadores tragam muitas novidades científicas, como novos registros de ocorrência e mesmo espécies novas para a ciência. Aliás, ao menos no que diz respeito à fauna de invertebrados, a chance desta expedição coletar espécies ainda não descritas para a ciência é realmente muito grande".

A base para a conservação – O PARNA Serra do Pardo abrange 445 mil ha com aproximadamente 95% de vegetação conservada. Por estar localizado no interflúvio do Xingu e Tapajós, abriga uma biodiversidade bastante peculiar, com espécies endêmicas, e está enquadrado como uma UC de proteção integral. Devido à sua criação recente, no ano de 2005, ainda não possui um plano de manejo concluído, isto é, o documento que aponta as diretrizes para o ordenamento territorial da área de acordo com suas características e objetivos, tendo em vista a conservação da biodiversidade.

Nesse sentido, os dados sobre a fauna e a flora obtidos na expedição serão importantes para a consolidação do plano de manejo do PARNA. "Nós queremos gerar dados básicos sobre sistemática, ecologia e biogeografia de organismos presentes em uma área extremamente importante do ponto de vista da conservação. Somente gerando conhecimento básico poderemos tomar decisões coerentes e responsáveis sobre o futuro da Terra do Meio", explica Alexandre Bonaldo.

PPBio Amazônia Oriental – A rede Amazônia Oriental, coordenada pelo Museu Goeldi, é uma das três que integram o PPBio. As demais são Amazônia Ocidental (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – Inpa, Manaus) e Semi-árido (Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia). O Programa tem como objetivo ampliar o conhecimento da biodiversidade Brasileira e gerar dados que sirvam de base para a formação de políticas públicas de conservação das espécies da fauna e da flora do País.

A expedição à Terra do Meio é a segunda "expedição bandeirante" realizada pelo PPBio Amazônia Oriental. A primeira foi para a Serra das Andorinhas, no sudeste do Pará, em 2011. Há ainda uma terceira para a Serra dos Carajás, prevista para o segundo semestre de 2012, com o intuito de gerar dados inéditos sobre grupos biológicos pouco estudados na área, sobretudo, de aracnídeos, invertebrados aquáticos, insetos terrestres, peixes, anfíbios e répteis.

Fonte: Agência Museu Goeldi, por Luena Barros