Presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada vê dependência na produção de tecnologia e cobra maior difusão da inovação no País

20/01/2012 – A difusão da inovação na indústria brasileira é uma das preocupações do presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, para quem, a despeito dos avanços, prevalece um quadro de pouco investimento das empresas em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Além disso, Pochmann cobrou uma ampliação do apoio à inovação no país e frisou que há uma nova dependência na área tecnológica.

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Há prevalência de baixa taxa de inovação, de uma nova dependência tecnológica a que estamos assistindo no país, disse. Nós estamos observando que o Brasil vem avançando na produção de tecnologia, mas de certa forma depende da aquisição externa das empresas. Avança o grau de inovação das empresas, mas por outro lado significa um certo grau de ‘dependentismo’ da compra de tecnologia fora da empresa, acrescentou.

O presidente do Ipea lembrou ainda que, historicamente, os investimentos em inovação sempre foram capitaneados pelas estatais e que a privatização dos anos 90 desfocou o esforço de inovação das empresas, uma vez que as companhias estrangeiras tendem a levar esta área para as suas matrizes e países de origem.

Pochmann ressaltou que, em 2005, apenas 22% das empresas do país exerciam algum investimento em pesquisa e desenvolvimento, a maior parte feita por grandes corporações. Segundo o presidente do Ipea, em 1985, 76% dos recursos voltados para inovação estavam concentrados em empresas com 500 trabalhadores ou mais, percentual que saltou para 81,4% em 2005.

Para o economista, outro problema é a falta de acesso das pequenas e microempresas às políticas de apoio à inovação. O andar de baixo do setor produtivo brasileiro não conta com grandes apoios, ressaltou.

A desigualdade regional também foi lembrada por Pochmann durante sua palestra hoje no 20ª Fórum Nacional, realizado na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). De acordo com o economista, entre 1985 e 2005, as empresas das regiões Sul e Sudeste passaram de uma fatia de 87,3% do total gasto por companhias em pesquisa, desenvolvimento e inovação no país para 90,7%.

No universo total de empresas, apenas 1,3% dos representantes da indústria de transformação tinham atividades de P & D em 2005. O total de trabalhadores envolvidos em atividades inovadoras era, na época, de 47 mil pessoas, para um universo de 5,9 milhões de funcionários da indústria de transformação. Deste total de 47 mil, apenas 27 mil tinham graduação ou pós-graduação.

Fonte: Portal G1