Procedimento para doação de órgãos envolve agilidade e generosidade

CIÊNCIAemPAUTA, por Adriana Pimentel

A obtenção de órgãos para transplante é sempre um processo difícil. Além de ser uma ação que precisa ser rápida e de alta complexidade, muitas vezes, é preciso contar com a generosidade de famílias “salva-vidas”. Desde 2011, quando se iniciou a Central de Transplantes do Amazonas, foram efetivadas 35 doações as quais beneficiaram 63 pacientes que aguardavam, por exemplo,  na fila de rim.

A Doação de Órgãos é um ato pelo qual o indivíduo manifesta a vontade em vida de que, a partir do momento de sua morte, uma ou mais partes do seu corpo (órgãos ou tecidos), em condições de serem transplantados, possam ajudar outras pessoas. A efetivação deste ato ocorre somente com a autorização da família conforme estabelece a Lei 10.211/2001. Os tipos de doadores podem ser: doadores vivos (no caso de órgãos duplos ou que podem ser divididos) e doadores não-vivos, após a constatação de morte encefálica.

Entretanto, não basta somente a vontade de ajudar, pois  os procedimentos são complexos. De um lado, a necessidade de se ter sincronismo entre as várias etapas da doação e, do outro, a difícil tarefa da instituição pública de auxiliar a família, que acabou de perder um ente querido,  para concordar com a doação. Tudo isso em apenas 48 horas.

De acordo com a psicóloga da Central de transplantes do Amazonas, Maria Gleny Barbosa Soares, o processo começa quando  é identificada a morte encefálica de um paciente. Logo após a ocorrência a Central de Transplante é informada. Começa aí a corrida contra o tempo.

O potencial doador passa por um rigoroso processo de triagem para avaliar a viabilidade e a compatibilidade com os possíveis receptores em lista de espera. O receptor mais apto então se prepara para receber o órgão, vislumbrando ter uma melhor qualidade de vida. No Amazonas, um doador pode beneficiar até quatro pessoas, com córneas e rins. Segundo a psicóloga, até a metade de 2013 haverá mais uma equipe, que será especializada no transplante de fígado.

ALGUNS TRANSPLANTES POSSÍVEIS

O sucesso das etapas depende do tempo decorrido entre a morte encefálica do doador e a operação no receptor, variável de órgão para órgão, conforme indicado abaixo.

TR: Tempo máximo para retirada após a morte encefálica do doador
TC: Tempo máximo de conservação após a parada cardíaca

Fonte : Revista Escola

Fonte : Revista Escola

LISTA DE  ESPERA DA CENTRAL DE TRANSPLANTES

Para entrar na espera é preciso fazer um Cadastro Técnico. “O cadastro é estadual, mas isso não significa que o órgão será perdido,  caso não exista um receptor compatível. Quando isso ocorre, ele é ofertado em nível nacional”, esclarece a psicóloga .

Atualmente, há em média 455 pacientes na fila de espera para doação de córneas e 542 para o rim, no Estado do Amazonas. A maior parte dos pacientes está em tratamento de diálise.

PROJETO EDUCATIVO DESENVOLVIDO PELA CENTRAL DE TRANSPLANTES

Para sensibilizar a população sobre a importância da doação de órgãos, a Central de Transplantes do Amazonas  firmou  parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) e com a Secretaria Municipal de Educação (Semed), atendendo à Lei Municipal 284, de 12/09/2011.

No ano de 2012, oito escolas da rede municipal, sendo 6 da zona urbana e 2 da zona rural, com o auxilio de profissionais capacitados desenvolveram atividades pedagógicas para divulgar informações sobre a doação e transplantes de órgãos.

“O objetivo do projeto é  sensibilizar a comunidade sobre a doação como um ato de altruísmo que beneficia pacientes da fila de transplantes, possibilitando a eles uma melhor qualidade de vida”, afirma Gleny.

Neste ano a Central está ampliando o projeto para atender as escolas do Programa Saúde Escolar e dar continuidade a desmistificação sobre a doação e transplantes de órgãos. Outro projeto que está em andamento são as palestras de sensibilização, que serão realizadas em  instituições religiosas que acolhem e apoiam a ação.

CIÊNCIAemPAUTA, por Adriana Pimentel.