Programa Ciência Sem Fronteiras leva alunos de doutorado da Ufam à Alemanha
CIÊNCIAEMPAUTA, POR MIRINÉIA NASCIMENTO
Os alunos de doutorado em química, Lorena Cursino de 26 anos, e em biotecnologia, Manoel Jeffreys de 26, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) que desenvolvem seus projetos no laboratório de Bioprospecção e Biotecnologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), foram contemplados pelo programa Ciência Sem Fronteira (CsF). Eles embarcaram, na última quarta-feira (24), para a Universidade de Freiburg, localizada no Sul da Alemanha, onde vão desenvolver parte do curso de doutorado.
Cumprindo carga horária semanal de 40 horas, os alunos ficarão no país durante seis meses para realizar estudos mais detalhados das amostras das plantas amazônicas, utilizando os equipamentos do laboratório da Universidade e recebendo orientações de pesquisadores sob uma nova perspectiva. Além disso, os alunos terão oportunidade de aprimorar a base da língua inglesa e até mesmo do alemão.
Graduada em Licenciatura em Química pela Ufam, em 2009, e no mestrado pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Cursino vem desenvolvendo estudos na área de produtos naturais visando isolar substâncias químicas que sejam ativas. Com a pesquisa intitulada “Estudo fitoquímico e bioatividade de extratos de espécies de Fabaceae”, a pesquisadora já conseguiu isolar as substâncias das plantas em Manaus. O próximo passo, agora na Alemanha, é testar essas substâncias e outras frações para achar as atividades biológicas.
![Lorena Cursino vem desenvolvendo estudos na área de produtos naturais visando isolar substâncias químicas que sejam ativas. Foto: Arquivo pessoal](http://temporario.seplancti.am.gov.br/wp-content/uploads/2013/04/Lorena-Cursino.jpg)
Lorena Cursino vem desenvolvendo estudos na área de produtos naturais visando isolar substâncias químicas que sejam ativas. Foto: Arquivo pessoal
“A primeira etapa é descobrir quais substâncias as plantas possuem e depois de identificá-las, ou seja, determinar ou elucidar as estruturas, testar frente às atividades biológicas”, explicou.
Na avaliação de Cursino, essa experiência oferece benefícios tanto no campo da pesquisa científica como para seu aprendizado pessoal. “No que se refere à pesquisa, se as substâncias forem ativas eu já posso pensar mais na frente numa patente e mais tarde fazer ensaios clínicos para que essas substâncias sirvam como medicamentos para a população”, disse. Ela destaca que no campo pessoal, essa viagem lhe dará a oportunidade de conhecer novas culturas, trocar experiências com pesquisadores renomados, além de aprimorar seus conhecimentos no idioma inglês e alemão.
De acordo com a coordenadora do grupo de pesquisa “Sociedade-Natureza: bioprospecção, biotecnologia e dinâmicas econômicas e sociais”, Cecilia Veronica Nunez, o grupo está em busca de princípios bioativos obtidos de plantas, culturas de células vegetais e microrganismos endofíticos obtidos da Região Amazônica e o estudo das cadeias produtivas de produtos da biodiversidade.
A expectativa de Nunez é que os dois doutorandos possam retornar com resultados suficientes para defender suas tese. “Conhecer um outro laboratório, uma outra forma de trabalho é muito importante para se ter outras visões de mundo. Isso é fundamental para o cientista abrir a cabeça”, completou a coordenadora. Segundo ela, de um modo geral, voltam para o Brasil profissionais mais capacitados e que realmente vão colaborar com o País.
PROGRAMA CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS
É um programa que busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. A iniciativa é fruto de esforço conjunto dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação e Cultura (MEC), por meio de suas respectivas instituições de fomento (CNPq e Capes), e Secretarias de Ensino Superior e de Ensino Tecnológico do MEC.
“O projeto é muito bom, ainda mais agora que vejo muitos estudantes indo estudar fora do país, inclusive alunos de graduação, o que antes não acontecia porque as bolsas eram oferecidas apenas para o curso de doutorado”, salientou Lorena Cursino, informando que, além do valor da bolsa, também receberá auxílio instalação e saúde.
CIÊNCIAemPAUTA, por Mirinéia Nascimento