Programas de Iniciação Científica fortalecem pesquisas no AM

02/08/12 – A 2ª edição do Congresso de Iniciação Científica da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Veira Dourado (FMT/HVD), realizada nos dias 30 e 31 de julho, abriu espaço para discussões acerca da importância do tema como alavanca da pesquisa nas instituições e do atual cenário no Amazonas.  

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O coordenador de pesquisa da Pró-Reitoria de Pós- Graduação da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Jair Fortunato Maia, destacou que a universidade é o espaço nato para o desenvolvimento da pesquisa. “A pesquisa na graduação é um espaço de formação e a universidade é esse espaço nato, pois a pesquisa é função básica de qualquer professor. É na graduação que podem ser encontrados futuros talentos para a pesquisa. Se o pesquisador e/ou professor não se envolve, dificilmente terá bons orientandos na pós-graduação”, disse Maia.

Ele destacou que os alunos de Iniciação Científica podem ser um excelente termômetro de qualidade dos cursos de graduação, dos professores e dos programas de iniciação científica. “O desafio do Brasil para os próximos anos está em estabelecer mecanismos capazes de gerar esses indicadores de qualidade”, afirmou.

Já a coordenadora de Biodiversidade do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Ires Paula Miranda, apresentou a evolução das pesquisas de iniciação científica na instituição. “O Inpa desenvolve iniciação científica há 22 anos. No primeiro ano, em 1990, eram somente 14 bolsas. Atualmente, temos 266 bolsas oriundas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e temos 14 instituições públicas e privadas como parcerias”, pontuou Miranda.

Realidade no Amazonas

O estado, por meio Fapeam, tem ampliado os investimentos na pesquisa durante a graduação. Nos últimos nove anos, até 2011, foram financiados mais de oito mil bolsas de iniciação científica com o Programa de Apoio à Iniciação Científica (Paic), partindo de 260 bolsas em 2003 para 1027 em 2010.

“O CNPq, ao contrário da Fapeam, estagnou a oferta de bolsas de iniciação científica, enquanto a demanda é crescente no País”, avaliou Maia.

Na Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Veira Dourado, por exemplo, foram concedidas nos últimos dois anos (2010/2011) cerca de 109 bolsas. De acordo com a coordenadora do Paic Tropical e chefe do departamento de pesquisa da FMT-HDV, Maria Paula Mourão, a instituição tem um programa de iniciação científica há 12 anos, sendo que ele é financiado exclusivamente pela Fapeam desde 2004.

“Já passaram pelo Programa Paic Tropical cerca de 300 bolsistas de instituições de ensino superior. São desenvolvidos trabalhos na área de Saúde, como medicina, enfermagem, farmácia e odontologia, e de Ciências Biológicas, nos cursos de biomedicina e biologia”, disse Mourão.

Os trabalhos de pesquisa possuem foco em doenças infecciosas e tropicais atendidas pela instituição. Essencialmente as pesquisas são realizadas com pacientes e também validando o que acontece, no local onde essas doenças acontecem, realizando inquéritos populacionais, avaliação dos vetores que transmitem algumas doenças, entre outros.

A coordenadora do Paic Tropical destaca que muitos dos bolsistas retornam como alunos de mestrado e doutorado. “Vários deles já foram inclusive incorporados como pesquisadores da FMT depois de graduados. A beleza do programa é termos a oportunidade de expor esse alunos, desde cedo, à metodologia científica  e à pesquisa”, afirmou Mourão.

Premiação

Ao todo, 46 trabalhos de pesquisa realizados por acadêmicos de diversas instituições de graduação voltados para os temas de malária, leishmaniose, DST/AIDS, parasitologia e outros assuntos referentes a doenças tropicais e infectoparasitárias foram apresentados na segunda edição do Congresso de Iniciação Científica da FMT/HVD.

Durante o encerramento, foi realizada a premiação dos melhores trabalhos de pesquisa, como estratégia adicional de motivar os estudantes. Os vencedores vão ganhar passagens aéreas para o Rio de Janeiro e o custeio das inscrições para participar do 18º Congresso Internacional de Medicina Tropical & Malária, no Rio de Janeiro, que ocorre em setembro.

Confira os trabalhos premiados aqui.

“Pela primeira vez, será oferecida a oportunidade aos vencedores de participarem de um congresso internacional de medicina tropical e malária, onde terão oportunidade de conviver com profissionais, interagir com alunos de iniciação científica de outros lugares e, se tudo der certo, continuar na carreira acadêmica, que é o que precisamos”, finalizou Mourão.  

Saiba mais sobre Iniciação Científica

É uma modalidade de pesquisa acadêmica desenvolvida por alunos de graduação nas universidades em diversas áreas do conhecimento. Em geral, os estudantes que se dedicam a esta atividade possuem pouca ou nenhuma experiência em trabalhos ligados à pesquisa científica (daí o caráter de "iniciação").

As principais agências financiadoras de projetos de iniciação científica no Brasil (por meio do oferecimento de bolsas anuais de incentivo à pesquisa) são o CNPq (em nível federal, por intermédio de seu Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, o Pibic) e as agências estaduais de fomento à pesquisa, como a Fapeam, por meio do Paic.

Ideia é despertar a vocação científica e incentivar talentos

O Pibic foi lançado pelo CNPq em 1988, inspirado nos programas de apoio à graduação dos Estados Unidos, e tem o objetivo de despertar vocação científica e incentivar talentos potenciais entre estudantes de graduação universitária, mediante participação em projetos de pesquisa, orientados por pesquisador qualificado.

Já o Paic consiste em apoiar, com recursos financeiros e bolsas institucionais, estudantes de graduação interessados no desenvolvimento de pesquisa em instituições públicas e privadas do Amazonas.

Fonte: CIÊNCIA em PAUTA/SECTI-AM, por Anália Barbosa