Projeto de 8,3 mi de euros vai auxiliar estudo pioneiro sobre clima da Amazônia

30/11/2011 – Idealizado como a maior torre científica de observação em uma área de floresta tropical natural, o projeto Observatório Amazônico com Torre Alta (Atto, na sigla em inglês), está orçado em 8,3 milhões de euros e vai “escanear” em torno de 1,8 milhão de quilômetros quadrados da Amazônia brasileira – superior à área do Amazonas, de 1,5 milhão de quilômetros quadrados.

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As torres serão instaladas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, na cidade de São Sebastião do Uatumã (246 quilômetros de distância de Manaus). O projeto vai monitorar a relação da vegetação com a atmosfera, ajudando a entender o comportamento da floresta diante de possíveis mudanças climáticas globais. Com essa pesquisa, os estudiosos terão um entendimento mais aprofundado e preciso do regime de chuvas e dos ciclos biogeoquímicos, como os ciclos do carbono e da água.

A torre principal do projeto tem 320 metros de altura (equivalente a um prédio de 88 andares) e contará com outras quatro unidades de 80 metros (prédio de 22 andares) de altura instaladas ao seu redor. O alcance inicial de monitoramento da torre maior é de 300 quilômetros de raio, com previsão para começar a funcionar até o final de 2013, quando a construção das torres deve ser concluída.

“Escolhemos a RDS do Uatumã por não alagar no período chuvoso e ser ponto de convergência dos ventos que chegam do Norte, por Roraima, e do Nordeste, pelo Amapá e Pará, ambos do Oceano Atlântico”, explica um dos coordenadores do projeto, Júlio Tóta. Considerando toda essa área, a abrangência da torre é de aproximadamente 1,8 milhão de quilômetros quadrados, sendo 43,91% da área da Amazônia brasileira.

Parceria internacional

Tóta é meteorologista e doutor em clima e ambiente, e integra a equipe de pesquisadores do Centro de Estudos do Trópico Úmido (Cestu), da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), onde é professor. Ele coordena, como representante da UEA, o projeto Atto juntamente com pesquisadores de outros dois centros de pesquisa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e o germano Instituto Max Planck de Química (MPIC, na sigla em alemão).

O Atto é uma parceria entre os governos brasileiro e alemão e vai utilizar dados existentes e colhidos pelo projeto Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA, na sigla em inglês), do Inpa, que usou outra metodologia de pesquisa. O LBA possui 12 torres de 60 metros (equivalente a um prédio de 16 andares) dispostos no Amazonas para o monitoramento do metabolismo da floresta, basicamente a mesma função do projeto Atto. Entretanto, como a área de atuação das torres do Atto será maior, espera-se diminuir as incertezas nas estimativas sobre o papel da floresta Amazônia no clima global.

No Amazonas, o projeto Atto vai alcançar em torno de 25 cidades, considerando os municípios a Leste da cidade de Codajás e ao Norte de Apuí.

Resultado da pesquisa

O resultado da pesquisa com as torres vai esclarecer diversas dúvidas sobre a Amazônia. “Poderemos saber se a Amazônia emite ou absorve gás carbônico. E se o desmatamento da nossa floresta contribui ou não para o aquecimento global, entre dezenas de questões”, ressalta o pesquisador, alertando que mesmo que algumas pesquisas apontem para a absorção de gás carbônico pela floresta, ainda não é possível saber com plena certeza o que realmente acontece no clima do maior bioma do planeta.

As informações originadas do Atto serão conseguidas com novas tecnologias e metodologias de pesquisa, o que vai melhorar as estimativas anteriores, fruto de quase 12 anos de pesquisas do projeto LBA, sob gerência do Inpa. O Atto representa também uma ampliação da cobertura de observação das torres do LBA já existentes. Dessa forma “espera-se diminuir as incertezas nas estimativas do papel das florestas no balanço de carbono global”, afirma Tóta.

Fonte: UEA