Projeto Pé de Pincha avaliará taxa de vida de quelônios no AM

Em 2013, o Programa de Manejo Comunitário de Quelônios (Pé de Pincha), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), entrará em uma nova fase da pesquisa. Os pesquisadores pretendem dar continuidade ao monitoramento de longo prazo iniciado em 2004. O objetivo é tentar recapturar os animais marcados para estimar a taxa de sobrevivência e crescimento dos quelônios.

Ao longo de 13 anos de existência, o Programa Pé-de-pincha de Manejo Comunitário de Quelônios já marcou mais de 24 mil quelônios no Médio Amazonas e Juruá. Aprovado no Edital 004/2012 do Programa Jovem Cientista Amazônida (JCA) – Áreas Protegidas, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), o “Estudo de migração e sobrevivência de Quelônios” avaliará os parâmetros de dinâmica populacional, migração e sobrevivência de tartarugas (Podocnemis expansa) e tracajás (Podocnemis unifilis).

O levantamento de dados será feito na região do médio rio Amazonas e médio rio Juruá/AM, em áreas de programas de manejo comunitário nos municípios de Carauari, Parintins e Nhamundá. O programa também trabalhará com escolas rurais na sensibilização de professores e alunos, por meio da educação ambiental, para a conservação desses animais.

Conforme o coordenador da proposta e professor da Ufam, Paulo César Machado Andrade, o monitoramento a longo prazo de filhotes e adultos de quelônios nessas regiões permitirá elaborar modelos populacionais, bem como obter mais dados sobre as diferentes fases de crescimento e rotas migratórias anuais. “Poderemos avaliar a eficiência do manejo participativo de quelônios nas unidades de conservação do Amazonas e analisar as possibilidades de uso do recurso. Será utilizada a técnica de captura-marcação-recaptura para estimativas de taxas de sobrevivência e mortalidade”, informou.

Mestre em Ciência Animal e Pastagens pela Universidade de São Paulo (USP), Andrade explicou que a meta é fazer os registros dos ninhos de tartarugas e tracajás nas áreas de postura (número de ninhos, número de ovos, taxa de eclosão). Os dados serão utilizados para analisar o padrão de movimentação de P. expansa e P. unifilis e estimar a área de vida nas áreas manejadas.

Segundo o pesquisador, já foram instalados 17 radiotransmissores em nove espécimes adultas de tartaruga (P. expansa) e oito de tracajás (P.unifilis). “Serão instalados mais um rádio via satélite completando o total de 24 rádios via satélite”, afirmou Andrade.

As informações geradas pelo estudo subsidiarão o Centro Estadual de Unidades de Conservação da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável (CEUC/SDS) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) na gestão e conservação de quelônios na Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Uacari, Reserva Extrativista do Médio Juruá e Área de Proteção Ambiental de Nhamundá.

“Em novembro de 2011, o Governo Federal repassou a responsabilidade sobre a fauna para os Estados, o que reforça a importância e a urgência de que os sistemas de conservação e manejo de populações de quelônios existentes no Amazonas sejam melhor compreendidos”, disse o pesquisador.

TREINAMENTO DE ALUNOS E PROFESSORES

Além do trabalho de campo com quelônios e tracajás, o projeto treina jovens cientistas e professores tutores nas Unidades de Conservação (UC) para realizar o monitoramento por radiotelemetria, captura, biometria e marcação de quelônios. Para o trabalho, foram selecionados cinco bolsistas, um professor tutor e um auxiliar técnico por meio de provas teórico-práticas e capacitados em um curso de quatro dias sobre monitoramento.

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (UCs)

É uma porção do território nacional ou de suas águas marinhas que é instituída pelo poder público municipal, estadual ou federal, como área sob regime especial de administração. Isso se dá pelo reconhecimento de a área possuir características naturais relevantes, à qual se aplicam garantias de proteção de seus atributos ambientais.

Há vários tipos de UCs, com diferentes nomes e diretrizes de atividades a serem realizadas; algumas mais restritivas, voltadas para pesquisa e conservação, outras para visitação e atividades educativas e algumas que conciliam habitação e uso produtivo e urbano do território.

Fonte:  Fapeam, por Luís Mansueto