Qualidade ambiental e riqueza de invertebrados diminuem em igarapés de Manaus
Os invertebrados aquáticos (insetos e outros organismos) de igarapés de Manaus sofrem com os efeitos negativos do processo de urbanização e com o aumento das temperaturas. Isto é o que alerta a pesquisa da tese de doutorado do biólogo, Renato Tavares Martins, defendida no programa de Pós-Graduação em Entomologia do Inpa (PPG-ENT/Inpa).
O estudo mostra que os efeitos de diferentes impactos antrópicos como desmatamento, entrada de efluentes orgânicos (esgoto doméstico), aumento da temperatura e do dióxido de carbono (CO2) atmosférico diminuem a velocidade do processo de decomposição foliar, que é fundamental para a manutenção da vida aquática. um estudo
Em 2010, ao comparar dados coletados em 40 igarapés (pequenos e sem nomes) com outra pesquisa realizada em 2003 (dissertação de mestrado de Sheyla Couceiro), Martins verificou que sete igarapés preservados continuavam classificados dentro dessa categoria, mas as alterações do entorno já estavam afetando o ambiente desses fragmentos que seriam representantes naturais dentro da cidade. Esses igarapés preservados estão localizados nas áreas verdes da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e na bacia do Tarumã.
Conforme o estudo, nos igarapés preservados houve uma diminuição na qualidade ambiental e na riqueza de invertebrados com um número menor de espécies registradas. “Os valores de variáveis físico-químicas também são piores e a tendência é que se a pressão urbana sobre esses ambientes não diminuir daqui a algum tempo, também estejam impactados”, disse Martins.
Enquanto isso, nos igarapés impactados não se observou nos sete anos a melhora da qualidade ambiental e a comunidade de invertebrados aquáticos se tornou mais simples do que era. De acordo com a orientadora de Martins, a pesquisadora do Inpa, Neusa Hamada, é preciso que seja feito algo urgente como manter a cobertura vegetal, impedir as invasões, a retirada das árvores, e fazer o tratamento do esgoto que é despejado diretamente em igarapés.
“Existem igarapés em que a maioria das casas joga o esgoto direto no corpo d’água sem nenhum tratamento, e esse é muitas vezes o lugar onde as crianças vão brincar se expondo a doenças de veiculação hídrica como amebíase e hepatite viral”, afirmou Hamada.
Fonte: Ascom Inpa, por Cimone Barros