“Quero transformar o Cide em um Parque Tecnológico” diz o diretor do Centro de Incubação, José Grosso
CIÊNCIAEMPAUTA, por Laize Minelli
Considerado um estratégico meio de alavancar os micro e pequenos negócios, as incubadoras de empresas tem se destacado no cenário brasileiro, pois possibilitam abrir a “porta” do sucesso aos empreendedores. A utilização das Incubadoras como um lugar seguro para se construir um negócio com satisfatórios resultados como reconhecimento em premiações e participação no mercado internacional tem despertado interesse em muitos jovens amazonenses e aumentado a procura pelo serviço oferecido pelo centro de incubadoras local.
No Amazonas, prestes a completar um ano na direção do Centro de Incubação de Empresas (Cide), no próximo dia 15 de março, o Diretor-Executivo José Cunha Grosso recebeu o CIÊNCIAemPAUTA e falou sobre os planos pra o Cide e sua atuação.
Grosso é economista e concursado pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), órgão no qual trabalhou por 10 anos a frente da Diretoria de Orçamento e Programação Financeira. Também atuou na Procuradoria Geral da Republica do Estado do Amazonas. Possui curso de pós-graduação em planejamento econômico na Itália e já fez curso na Escola Superior de Guerra no Rio de Janeiro.
CIÊNCIAemPAUTA: Quando o senhor assumiu em 2012, quantas empresas eram vinculadas ao CIDE?
José Grosso: Eram 50 empresas, entre residentes, que são aquelas que estão aqui dentro do Cide, apresentam projetos e vem para o galpão, e as associadas possuem os mesmos benefícios e obrigações) , mesmo estando instaladas em escritórios/fábricas fora do Cide.
CIÊNCIAemPAUTA: Porque essas empresas, que são associadas estão fora do Galpão? O Cide não possui espaço para elas?
Jose Grosso: Não possui. Todavia, as associadas ocupam um espaço fora do Cide e pretendem permanecer em sua estrutura física. Elas se associam ao Cide para receber assessoria, utilizar a sala de reuniões, participar de eventos, entre outros. Além disso, as empresas de TI ao se incubarem seja como residente ou associada, por ser o CIDE a única incubadora conveniada ao CAPDA, Programa da Suframa.
CIÊNCIAemPAUTA: O que faz o Comitê de Pesquisa de Atividades e Desenvolvimento (CADPA) da Suframa?
Jose Grosso: A empresa associada elabora um projeto junta à empresa do DI e esta poderá ser beneficiar ao executar o projeto coma empresa incubada,por sermos a única incubadora que está credenciada ao CAPDA. O Cide é credenciado ao Capda , um programa em que as empresas são obrigadas a destinar 5% de seu faturamento bruto para verba de pesquisa e desenvolvimento, isso e controlado pela Suframa. Isso é um algo a mais pelo qual os empresários procuram.
CIÊNCIAemPAUTA: Como é o processo de incubação de empresas ?
José Grosso: Elas apresentam um plano de negócios que é analisado por um conselho. Isso representa a primeira etapa. Se aprovado, a empresa tem 60 dias para se instalar no Cide. A partir do momento que ela integra o Cide, tem uma fase de interação de se ambientar. Depois vem a fase de incubação, que é quando ela até 5 anos dependendo da atuação da mesma junto ao mercado. Passado esse tempo, ela tem direito a mais um termo aditivo de 12 meses no qual ela precisa apresentar um oficio para argumentar o motivo que a leva a querer ficar.
CIÊNCIAemPAUTA: Como e que feita a escolha das empresas?
José Grosso: Nós não fazemos por edital, não temos necessidade porque a demanda é muito grande. Atualmente, o conselho consultivo tem uma grande quantidade de projetos de negócios. A partir do momento que uma empresa deixa o Cide, é feita uma seleção dos projetos ja analisados aguardando serem chamados.
CIÊNCIAemPAUTA: Quantas empresas estão no galpão do Cide hoje?
José Grosso: 36 empresas incubadas
CIÊNCIAemPAUTA: Na sua gestão , há alguma empresa que tenha saído e esteja muito bem no mercado?
José Grosso: A única empresa que saiu na minha gestão foi a Rita Prossi. A gente sabe que ela está no mercado, mas quando sai do Cide nos não fazemos mais acompanhamento, porque ela já esta graduada, já saiu pronta pro mercado.
CIÊNCIAemPAUTA: Qual o suporte que o Cide oferece para as empresas?
José Grosso: Oferecemos treinamentos, hospedagem, indicação para participar em feiras e eventos no estado e fora dele, e consultoria. As empresas contribuem com uma taxa de permissão de uso do galpão subsidiada, que pode chegar até R$825,00.
Em relação aos cursos, somos ligados à Federação das Industrias do Estado do Amazonas (Fieam) e temos um contrato com nossos parceiros IEL e SEBRAE, que coloca esses cursos no mercado. os cursos são ofertados de acordo com a necessidade. Ao longo de 2012, o Cide realizou 12 cursos, com o parceiro Iel, gratuitos para as empresas.
CIÊNCIAemPAUTA: Qual a dificuldade de gerir o Cide?
José Grosso: O grande gargalo é o espaço físico, que já esta pequeno para atender as demanda das empresas, das pessoas que querem ser empreendedoras. Então, nosso grande desafio é tentar, nessa área de 12 mil metros quadrados, dos quais de 9 mil já estão ocupados. Temos uma área ainda e vamos tentar ao longo de 2013 fazer um projeto para aumentar o espaço.
CIÊNCIAemPAUTA: Em 2012, a Pentop do Brasil e a Tap4Mobile ganharam o prêmio Finep nas categorias de Tecnologia assistiva e Microindustrial do ano, respectivamente. O que isso representa para o Cide?
José Grosso: É importante em termos de divulgação. Já tivemos varias outras empresas que ganharam e isso representa muito, pois confere credibilidade à administração e à incubadora, por isso que somos muito procurados.
CIÊNCIAemPAUTA: Qual o balanço que o senhor faz dos 13 anos de existência do Cide?
José Grosso: Conseguimos melhorar as condições físicas e de estrutura. O Cide era um prédio da Suframa adaptado. Antes eram dois módulos e atualmente são 18. Houve um crescimento muito grande da procura de empreendedores. Antigamente, o candidato a empreendedor era meio acanhado, ficava em casa com um pequeno negócio. A partir do momento que foi criado uma incubadora, isso alcançou um rendimento muito grande. A partir do momento que o negócio faz parte da incubação de empresas, é iniciado um processo de criação de mão de obra, absorvendo mais profissionais e isso faz o mercado crescer.
CIÊNCIAemPAUTA: Qual o perfil do tipo de empreendedor que procura o Cide?
José Grosso: São na maioria jovens, entre 25 e 30 anos de idade, atuando principalmente na área de software e produtos com insumos amazonicos, passando também por tecnologias de ponta. São engenheiros e trabalhadores do distrito que até mesmo por um processo de demissão vieram procurar novas alternativas.
CIÊNCIAemPAUTA: Nessa semana que passou, os diretores do Polo de Navacchio, da Itália, estiveram presentes para visitar as incubadoras do Amazonas, o que isso contribui?
José Grosso: É um passo importante. Essa etapa é mais uma de um projeto que começou em 2010 quando foi assinado um termo de interação. Agora, eles vieram para consolidar um projeto. Quando estiveram em 2010, eles ajudaram a ver o que podia ser alavancado. E na época nosso pessoal era deficitário. Hoje temos uma equipe de trabalho bem maior . Esse pessoal de Navacchio veio saber os resultados e se reunir com as empresas incubadas. Já tivemos duas reuniões aqui no Cide. Numa delas estavam 12 empresas que se interessaram em participar da reuniões e daqui alguns meses futuramente faremos acordos para levar empresas que estejam interessadas em ir para a Itália conhecer as tecnologias de lá e fazer esse intercâmbio.
CIÊNCIAemPAUTA: Quais são suas expectativas para o Cide?
José Grosso: Eu espero realmente fortalecer a isncubadora, fazer parcerias fortes com governo federal, MCTI. Transformar a incubadora em um parque tecnológico nos próximos anos, que ainda não temos aqui em Manaus.
CIÊNCIAemPAUTA, por Laize Minelli