Quilombolas e militares debatem objetivos da base de Alcântara
23/07/2012 – A relação conturbada entre quilombolas e militares responsáveis pelo Centro de Lançamentos de Alcântara(CLA), instalação da Aeronáutica que cuida de projetos aeroespaciais do Brasil é foco de debates realizados na 64ª reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
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Programada para esta segunda, às 10h30, a conferência "A base espacial e os quilombolas de Alcântara" vai reunir representantes quilombolas de Alcântara e cientistas para tratar temas como cultura, educação e direitos.
A tentativa de diálogo vai contar com a presença de Danilo da Conceição Serejo Lopes, representante do Movimento dos Atingidos pela Base Espacial de Alcântara (Mabe), e o mestre e doutor em Antropologia Social, Alfredo Wagner Berno de Almeida.
O objetivo é discutir as mudanças implementadas na vida das comunidades locais desde a década de 1980, quando se iniciou o processo de instalação da base. “Há um conflito fundiário desde a criação da base aérea, com a violação de vários direitos das comunidades”, disse o representante. Segundo ele, já houve por diversas vezes a cobrança pelas titulações do território, principalmente para os quilombolas. Foram criadas sete agrovilas, com moradores remanejados para a construção da base.
“O governo federal tem afirmado que não haverá remanejamento de comunidades, mas nesses anos, durante a implantação do projeto, houve descumprimento de acordos, o que nos deixa com sentimento de incerteza”, explicou Danilo, que também é acadêmico de Direito em Goiás.
Experiências em educação
Outro espaço de discussão na SBPC será o debate “O projeto alma e o diálogo entre os saberes tradicionais e a universidade”, programada para o último dia da conferência científica.
A mesa será composta por lideranças de quatro comunidades quilombolas da região, o diretor do CLA, coronel engenheiro Cesar Demétrio Santos, além do gerente socioambiental da empresa binacional brasileiro-ucraniana Alcantara Cyclone Space (ACS), Josildo Portela.
Coordenadora do debate, a professora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Herli de Sousa Carvalho, lembra que apesar da existência de um confronto no início do projeto de Alcântara, atualmente a relação está melhor.
“Os representantes das comunidades afirmam que foi ruim terem sido remanejados para outras terras, mas hoje eles possuem acesso a serviços como água, energia e escola”, disse. “Nosso objetivo é ser essa ponte, para que o CLA possa participar mais nessas comunidades e vice-versa”, acrescentou.
Fonte: Portal G1
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