Revista debate sobre divulgação científica na imprensa especializada

Agência CT&I Amazonas, por Carlos Fábio Guimarães

A mesa-redonda discutiu a questão da divulgação científica na imprensa especializada. Foto: Agência CT&I Amazonas/Carlos Fábio Guimarães

Recife (PE) – A necessidade de mais qualificação do jornalista, a busca por novas abordagens e o objetivo que o meio de comunicação que produz divulgação científica quer alcançar foram as principais ideias debatidas durante a mesa-redonda promovida pela Revista Imprensa, na tarde de terça-feira (24/07), durante a 65ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Recife.

A mesa-redonda discutiu a questão da divulgação científica na imprensa especializada, especificamente nas áreas de TV, com o gerente da programação do Canal Futura, João Alegria; impresso, com a jornalista Sílvia Bessa, do Diário de Pernambuco; e governamental, com a diretora da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), Nereide Beirão.

Os debatedores explanaram sobre a participação cada vez mais frequente da ciência, tecnologia e inovação (CT&I) na sociedade brasileira, principalmente nas áreas social e econômica. Por outro lado, abordaram também como são realizadas as coberturas no veículo de comunicação no qual atuam – do factual à educação informal.

O gerente da programação do canal Futura, João Alegria, apontou para a necessidade de se ter um objetivo pleno, nem sempre fácil de alcançar, por parte do veículo de comunicação, do que se deseja atingir com a divulgação em CT&I. Ele citou, como exemplo, uma pesquisa encomendada pelo Canal Futura, que apontou o universo dos indivíduos interessados em CT&I. Os dados revelam que a faixa etária interessada varia entre 16 e 40 anos.

Ainda de acordo com a pesquisa, 66% das pessoas trabalham com educação e 22% levam o conteúdo para a sala de aula para ser debatido, mas a maioria ainda consome apenas para aumentar o repertório informativo de determinado assunto. “Há sempre uma tensão na hora de direcionar as produções. Pensa-se na elaboração da linguagem acessível ou produção de material pedagógico”, completou.

PRIORIDADE E QUALIFICAÇÃO

Foto: Agência CT&I Amazonas/Carlos Fábio Guimarães

Nereide Beirão, diretora da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC). Foto: Agência CT&I Amazonas/Carlos Fábio Guimarães

Por sua vez, a jornalista do Diário de Pernambuco, Sílvia Bessa, ressaltou a necessidade de se priorizar o lado humano na divulgação científica, ao afirmar que os assuntos de CT&I devem ser divulgados sempre relacionando-os com os impactos no social, saúde, economia e, se possível, apontar as soluções. “Devemos produzir no sentido de que o leitor, leigo na maioria das vezes, entenda mais determinada informação. Ouvi-lo é imprescindível”, relatou.

Já Nereide Beirão comentou sobre a escassez da temática nos veículos de comunicação em geral. Beirão mostrou uma pesquisa, encomendada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI), que demonstrou que a média de veiculação dos assuntos em CT&I nos jornais regionais do País equivale a 0,6%. Nos noticiários nacionais, a média sobe para 2,3%, porém 80% desse universo são reportagens não contextualizadas, com apenas uma fonte de informação.

Os desafios e as dificuldades apontados por Beirão são: a busca de novas abordagens; os conflitos da cobertura factual versus abrangente e o preconceito dos cientistas em relação aos jornalistas; o desconhecimento do tema e a falta de qualificação do profissional de comunicação para abordar assuntos de CT&I.

Para Beirão, é necessário sair do factual e buscar mais qualificação do jornalista para tratar de CT&I. “A qualificação permite que o profissional faça seu trabalho de uma forma menos confusa, menos complexa e mais acessível à sociedade. A ciência está na vida das pessoas. É necessário entender esse contexto”, completou.

A SBPC acontece até sexta-feira (26), no campus da Universidade Federal de Recife (UFPE).

Agência CT&I Amazonas, por Carlos Fábio Guimarães