Sabonete de gengibre produzido no Amazonas combate acne

Para que o produto se torne agradável e não somente eficaz, estudos e testes são feitos em conjunto com diversos frutos amazônicos. Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

Quem sofre com acnes terá uma opção de tratamento natural extraído da Amazônia. O óleo essencial de gengibre amargo (Zinziber zerumbet) com outros frutos nativos foram transformados em um sabonete especial que ajuda no combate à acne vulgar. O sabonete vegetal antiacne e antisséptico é o resultado de uma pesquisa desenvolvida pelo pesquisador, Carlos Cleomir, no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), que deve ser comercializado em 2015.

Previsto para começar a circular no mercado local em setembro deste ano, atrasos no repasse de verba tardaram a conclusão dos testes e, consequentemente, a disponibilização para venda. De acordo com o doutor em Biotecnologia e Recursos Naturais, que estuda a planta há 15 anos e já desenvolveu outros estudos – como seus efeitos medicinais em tratamentos contra o câncer -, ainda que o produto já esteja em fase final de desenvolvimento, o problema é a falta de investimento na produção da matéria-prima.

Originário da Ásia e tradicionalmente utilizada na alimentação, a espécie foi encontrada por Cleomir e sua equipe em diversos municípios do Amazonas: Presidente Figueiredo, Itacoatiara, Iranduba, Novo Airão, Manacapuru, Careiro Castanho e também em Manaus e na área metropolitana da cidade. “Em todas essas localidades fazemos visitas técnicas com o objetivo de fundar, posteriormente, unidades demonstrativas de cultivo e bioprospecção dessas espécies, porque não adianta ter o produto e não ter matéria prima para colocá-lo no mercado”, afirmou o pesquisador aoPortal Amazônia.

Para a produção atual do sabonete, a empresa incubada do Inpa, Biozer da Amazônia, de propriedade de Cleomir, extrai os extratos ativos da planta, como a substância zerumbona, principal composto bioativo de sua formação. Segundo o pesquisador, qualquer pessoa pode usar o produto, uma vez que possui diversas propriedades farmacológicas terapêuticas. “Também tem propriedades anti-inflamatórias, antibacterianas, vaso dilatadoras e cicatrizantes, importantíssimas na pesquisa do sabonete. O diferencial é que o os extratos que obtivemos nesse tipo de gengibre têm essas propriedades”, explicou.

Na opinião da coordenadora de Extensão Tecnológica e Inovação (CETI) do Inpa, Rosangela Bentes, o produto tem potencial econômico por ser dermocosmético. “É um produto que tem potencial de tecnologia verde [para proteger e conservar a natureza minimizando os impactos da ação do homem]”, disse.

APLICABILIDADE 

Carlos Cleomir trabalha com o gengibre amargo há mais de 10 anos. Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

Carlos Cleomir trabalha com o gengibre amargo há mais de 10 anos. Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

Para que o produto se torne agradável e não somente eficaz, estudos e testes são feitos em conjunto com diversos frutos amazônicos. “A composição química do sabonete tem que ser com qualidade e eficácia para que a pessoa que for utilizar possa sentir que tem efeito. Nós vamos ter um produto totalmente natural”, defendeu. 

Apenas a fase de eficácia antibacteriana está em andamento e é a fase final de testes. O valor previsto para o mercado é de cerca de R$ 20, próximo aos valores dos sabonetes antiacnes já comercializados. A versão líquida ainda não foi desenvolvida. “Esses são produtos feitos para atender as necessidades da sociedade”, concluiu o pesquisador.  

O sabonete é um dos sete produtos e registros de patentes depositados pelo Inpa no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) em 2013. O projeto conta com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

Fonte: Portal Amazônia