Superbactérias reacendem preocupação sobre uso de antibióticos
Um foco de superbactérias gerou preocupação na cidade de Chapecó, Santa Catarina. Nos últimos dias, o Hospital Regional do Oeste teria descoberto a contaminação de dois pacientes graves internados na UTI por uma superbactéria e, ao testar outros pacientes que também estavam ou estiveram internados, mais seis pacientes contaminados precisaram ser isolados.
De acordo com dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), cerca de 10 mil casos de bactérias resistentes a remédios foram registrados em 2012 nas Unidades de Tratamento Intensivo do país. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso indiscriminado de antibióticos estaria causando um retrocesso e, se isso não fosse resolvido, a população poderia ter que voltar a tempos pré-antibióticos, precisando tratar doenças graves sem esses medicamentos já fundamentais na medicina.
O bioquímico Marcos Kozlowsky, especialista em bacteriologia, explica que essas bactérias recebem o prefixo super, justamente graças a essa alta resistência em serem destruídas pelos antibióticos. “Na realidade, devido ao uso de antibióticos praticamente em todos os pacientes diariamente, por vezes até em doses erradas, as bactérias criam mecanismos de defesa. Elas sofrem modificações genéticas, produzindo substâncias que tornam o antibiótico ineficaz”, explicou.
A bactéria identificada no hospital de Chapecó é a Acinetobacter baumanii, que não causa infecção em pessoas saudáveis, mas em pessoas com o sistema imunológico enfraquecido, internadas em UTI, pode causar infecção generalizada.
O bioquímico Kozlowsky diz que o surgimento dessas superbactérias é algo relativamente comum no ambiente hospitalar e explica que elas são transmitidas através dos próprios funcionários do hospital. “Os parentes devem ficar atentos se a pessoa que vai manipular o paciente lavou as mãos antes e depois de administrar o paciente. E se informar sobre o funcionamento de uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), que administra medidas para controle de surtos de contaminação de pacientes”, enumerou.
Lavar as mãos, de acordo com Kozlowsy, seria inclusive a principal forma de prevenção da contaminação pelas superbactérias. O especialista explica que reduzir o uso irracional do antibiótico e investir em pesquisas para o desenvolvimento de novas drogas seriam outras formas de combater o problema.
Koslowsky diz que existe investimento em pesquisa, mas que nesse campo, os resultados não são imediatos. “É preciso investir muito dinheiro e muito tempo para que se possa concluir se uma nova droga é ou não efetiva e, além disso, são poucas empresas que acabam investindo em novas drogas. As bactérias têm uma velocidade muito maior em adquirir resistência a antibióticos do que a velocidade de criação de novas drogas”, explica.
Fonte: Jornal do Brasil