Terras raras: estudo aprofunda trabalhos do CGEE sobre o tema

28/06/12 – Com previsão de terminar ainda este mês, o Estudo de Usos e Aplicações de Terras Raras, desenvolvido pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), aborda o panorama atual da cadeia produtiva de terras raras no mundo e no Brasil, e desenvolve estudo de cenários prospectivos globais para tratar incertezas quanto ao futuro do suprimento global de elementos de terras raras e de suas aplicações.

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Além disso, o estudo prevê o desenvolvimento de roadmaps (mapa tecnológico e temporal) estratégicos para as principais cadeias produtivas – super-ímãs, catalisadores, ligas metálicas, fósforos e pós para polimento. Os mapas permitirão elaborar proposições e recomendações de políticas de apoio à implantação no Brasil das diversas etapas dessas cadeias em que se identifique real potencial de competitividade.

As terras raras constituem um grupo de 17 elementos que, pelas suas características, são hoje considerados essenciais em inúmeras aplicações, como catalisadores automotivos e de petróleo, super-ímãs usados em motores e geradores elétricos de grande eficiência, ligas metálicas de alto desempenho, LEDs, aplicações militares sofisticadas e outras. Essas aplicações de terras raras são altamente específicas e seus substitutos conhecidos têm desempenho inferior.

A grande hegemônica

De acordo o diretor do CGEE, Fernando Rizzo, a China começou a investir nesses elementos há 30 anos e o valor de mercado era tão baixo que os demais países não valorizaram a sua necessidade. Quando houve aumento do preço, os Estados Unidos e outros países instalaram empresas na China para evitar uma crise no abastecimento. "O Brasil despertou para a importância desses elementos em 2011. Nesse ano, o CGEE, iniciou o trabalho", acrescenta Rizzo. No entanto, segundo aponta o estudo, o Brasil acompanha a tendência de outros países e não é considerado nem avançado nem atrasado no assunto.

Um workshop foi realizado em maio na sede do CGEE, atividade incluída em uma sequência de ações voltadas ao desenvolvimento do estudo. Em trabalho prévio foram encomendadas notas técnicas direcionadas a uma visão global do mercado. Além disso, houve reuniões com o Centro de Tecnologia Mineral (Cetem) para decidir que fatores do tema são relevantes, quais procedem e quais seguirão até o final do estudo.

Sustentabilidade – "A expectativa é que o estudo possa trazer subsídios para a tomada de decisão de políticas em bases sustentáveis e com enfoque mercadológico, preservando a soberania nacional", avalia Ronaldo Santos, coordenador de processos metalúrgicos e ambientais do Cetem. "O que se pretende é implantar um fórum permanente que envolva representantes do governo, academia, setor privado e sociedade que estejam conscientes da importância desses elementos".

Os dois dias de workshop, com a facilitação de Fatima Ludovico, da PUC-Rio, contaram com discussões e mesas-redondas que envolveram diversos especialistas em terras raras. Os temas abordados incluíram a revisão de estudos de referência sobre o assunto no Brasil e no mundo; a pesquisa em base de dados sobre produção científica e propriedade intelectual em terras raras em nível mundial; a construção de cenários prospectivos e a escolha do cenário de referência mundial; o mapeamento dos desafios e gargalos em cada etapa das cadeias produtivas dos elementos terras raras, focado no cenário brasileiro.

Para Carlos Augusto Moraes, líder do estudo no CGEE, o workshop foi muito importante para as etapas seguintes. "Conseguimos obter um panorama mais abrangente sobre o assunto, definindo pontos relevantes a considerar até a entrega do relatório final", explica o assessor. O cenário adotado ao final do workshop indica que a China continuará hegemônica por cerca de 10 anos. No período seguinte, 2021-2030, aumentará a produção de elementos de terras raras e de suas aplicações fora da China, permitindo maior estabilidade no fornecimento e possibilitando menor volatilidade nos preços internacionais. Também se espera uma governança internacional mais atuante. "Em seguida, tudo indica que o consumo continuará aumentando e que outros países, entre eles o Brasil, terão um papel relevante".

Roadmaps estratégicos

"É importante que o Brasil identifique suas melhores reservas e aproveite integralmente suas jazidas", enfatiza Ronaldo Santos, que acredita que o Brasil já tem condições, em três a cinco anos, de instalar plenamente uma cadeia industrial de terras raras. De acordo com o especialista, já existem empresas pesquisando sobre esses elementos no Brasil, mas precisa-se de certo tempo de maturação.

Ao final do estudo será desenvolvido um roadmap – mapa tecnológico e temporal – onde seja possível visualizar graficamente todos os passos necessários, desde o começo das ações até o objetivo desejado – abrangendo o período 2012-2030.

Fonte: Jornal da Ciência