Tucumã do Amazonas é alvo de interesse para alimento, cosméticos e energia
22/12/2011 – Principal ingrediente do sanduíche tipicamente amazonense conhecido como X-Caboquinho, o tucumã-do-amazonas (Astrocaryum aculeatum) também está sendo alvo de interesse como fonte de matéria-prima não apenas para alimentação, mas para agroenergia e cosméticos.
Algumas pesquisas realizadas com tucumã pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) buscam mapear e caracterizar as populações naturais para possibilitar o pré-melhoramento genético dessa e de outras palmáceas, encontradas aqui e em outras regiões do Brasil.
Um dos pontos de partida é a conservação da diversidade genética. Nesse sentido, a Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus-AM) vem organizando coleções com exemplares do tucumã, provenientes de coletas de materiais genéticos (acessos) em maciços naturais (áreas onde se encontram vários exemplares de plantas nativas de uma mesma espécie) existentes em diversas localidades dos municípios do Amazonas. A partir dessas coleções podem ser realizados estudos visando ao melhoramento da espécie em relação à produtividade, ao teor e à qualidade de óleo, biologia reprodutiva, entre outros aspectos de interesse.
Enquanto se trabalha pela conservação genética, paralelamente, vêm sendo feitos estudos que já trazem alguns resultados. O pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Jeferson Macêdo, que estuda palmeiras nativas da Amazônia, informa que já se conseguiu alguns resultados como a avaliação do potencial de produção e produtividade de plantas em alguns maciços naturais e a determinação da taxa de cruzamento aparente da espécie, que auxiliará na conservação e pré-melhoramento.
Além disso, foi desenvolvido e publicado pela Embrapa Amazônia Ocidental um sistema que auxilia a produção de mudas de tucumã, que inclui os cuidados que se deve ter para selecionar e coletar sementes de plantas-matrizes, práticas para superação de dormência das sementes, condução das plântulas e produção das mudas.
Experimentos
Também estão sendo estabelecidos experimentos para avaliar o estado nutricional de mudas, para que se possa definir uma adubação de base e os melhores espaçamentos para o estabelecimento de plantios racionais de tucumã.
Dois ex-bolsistas da Embrapa do Amazonas estão realizando pesquisas de doutorado com tucumã, em programas de Pós-graduação da Universidade de São Paulo (USP). O estudante Santiago Linorio Ferreyra estuda a diversidade genética de maciços naturais de tucumã no Estado do Amazonas e a estudante Perla Pimentel desenvolve pesquisas para estabelecer protocolos que permitam o cultivo in vitro dos tucumãs do Pará e do Amazonas. Ambos realizam seus trabalhos em parceria com a Embrapa Amazônia Ocidental.
Outras palmáceas
A Embrapa Amazônia Ocidental participa do projeto ‘Fontes alternativas potenciais de matérias-primas para produção de Agroenergia’, no qual está em estudo o tucumã, além da macaúba, o pequi e leguminosas potenciais como fontes alternativas de matérias-primas para geração de tecnologias para agroenergia. Esse projeto é financiado com recursos do Macroprograma 1 da Embrapa e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e conta com a participação de 21 unidades da Embrapa e liderança da Embrapa Cerrados.
Em outro projeto, intitulado ‘Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) em palmáceas para a produção de óleo e aproveitamento econômico de coprodutos e resíduos’, com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), pesquisadores da Embrapa estão estudando estratégias para promover o domínio tecnológico e a domesticação de algumas palmáceas selecionadas pela sua densidade energética e distribuição territorial.
Nesse estudo estão em foco a macaúba, babaçu, inajá e tucumã, que são palmeiras nativas de florestas tropicais e com ampla distribuição geográfica. A ocorrência no Brasil se dá, principalmente, nos seguintes Estados: o tucumã tem ocorrência no Amazonas, Pará e Amapá; o inajá é bastante encontrado em Roraima; o babaçu no Maranhão, Piauí e Tocantins; e a macaúba é encontrada principalmente em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Tocantins.
Em cada região, essas palmeiras se destinam a diversos usos, como medicinais, alimentos, cosméticos, entre outros. O destaque dessas palmeiras, e que lhes dá importância econômica, é a sua capacidade de produção de óleo e, também, a possibilidade de cogeração de energia a partir dos resíduos do processamento dos frutos.
Participam do projeto 12 Unidades da Embrapa (Agroenergia, Agroindústria de Alimentos, Amapá, Amazônia Ocidental, Amazônia Oriental, Cerrados, Forestas, Meio Norte, Milho e Sorgo, Recursos Genéticos e Biotecnologia, Rondônia e Roraima), nove Universidades Federais (UCB, Ufam, UFGO, UFLA, UFMG, UFMS, UFPA, UFPR, UFV) e três Instituições de Pesquisa (Inpa, Epamig, Cetec).
Com o resultado dessas pesquisas, pretende-se a incorporação e utilização, no curto, médio e longo prazo dessas palmáceas como matérias-primas para produção comercial de óleo, assim como remover os entraves tecnológicos para aproveitamento econômico de coprodutos e resíduos, inserindo as regiões de ocorrência destas palmáceas na geopolítica da produção de agroenergia.
Fonte: Embrapa Amazônia Ocidental