Ufam lança edital em apoio aos haitianos

27/01/12 – Um intenso fluxo migratório de haitianos, em busca de melhores condições de vida no estado do Amazonas, consequência direta do último terremoto que devastou, em 2010, o Haiti, sensibilizou as autoridades brasileiras para esse grave problema social. A reitora da Ufam, professora Márcia Perales, disse em reunião que a Instituição tem demonstrado uma preocupação para essa questão e que o momento é de aproximação e de diálogo com os imigrantes, possibilitando que essa realidade possa ser conhecida e estudada, buscando assim, alternativas de melhoria para os haitianos.

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A reitora frisou também sobre a necessidade da Ufam participar desse processo, dando apoio incondicional ao imigrantes haitianos, considerando-se que a Universidade não deve apenas olhar e se furtar do seu papel de educadora e de ações propositivas, mas deve ser a protagonista principal nesse cenário, promovendo debates e criando ações extensionistas que possam atender às demandas de interesse desse público. Nesse sentido, comentou também sobre o compromisso social que a instituição vem construindo ao longo de sua existencia e, especificamente, da atual gestão.

Diante desse quadro, foi proposta a publicação de um edital específico de apoio humanitário aos haitianos, por meio Programa Atividade Curricular de Extensão (PACE) via Atividade Curricular de Extensão (ACE), da Pró-reitoria de Extensão e Interiorização (PROEXTI), cujo principal objetivo é desenvolver ações de extensão que possam atender às diferentes necessidades dos haitianos alocados em Manaus. Para tanto, os novos projetos terão atividades específicas, destacando-se o envolvimento de alunos de graduação das licenciaturas em línguas estrangeiras que darão apoio, principalmente, no que diz respeito ao ensino da língua portuguesa, considerado pelos haitianos como o principal obstáculo para colocação no mercado de trabalho.

Segundo a Assessora de Relações Internacionais e Interinstitucionais (ARII), professora Regina Marinho, sem esse suporte é impossível a inserção dos haitianos em nossa sociedade, pois considera a comunicação essencial para que eles possam alcançar seus objetivos. A professora conta das experiências positivas com estudantes africanos participantes dos programas de mobilidade estrangeira, e de como essa ação pode contribuir no desenvolvimento de atividades com os haitianos, possibilitando o processo de aprendizado mais fácil. “Antes de absorvê-los nos cursos de graduações da Ufam, deverão ser criados mecanismos para que obtenham a proficiência em Língua Portuguesa e assim possam acompanhar as aulas”, afirma.

Os estudantes universitários haitianos Abdiás Dolce, 24, de Engenharia Química, e Leblanc Ulrick, de Pedagogia, foram unânimes em afirmar a real necessidade de falar bem a língua portuguesa, pois o não domínio da língua implica em uma má compreensão de disciplinas específicas, como também uma participação menos efetiva no ambiente de trabalho. Abdiás Dolce, que já realizou um curso intensivo de português no município de Tabatinga (distante a 1.105 quilômetros de Manaus), enfrenta dificuldades nas pronúncias das palavras, considerando a língua portuguesa uma das mais difíceis do mundo.

O pró-reitor da PROEXTI, professor Frederico Arruda, manifestou sua preocupação com essa realidade, sugerindo projetos específicos com os haitianos, como as ACE’s, considerado por ele como um dos meios para dar maior visibilidade aos haitianos, mostrando aspectos socioculturais desse grupo social que nos últimos tempos vem sendo descaracterizado pela mídia em geral. Para o pró-reitor, após essas iniciativas, será mais fácil elaborar o edital e tramitá-lo com mais rapidez na Câmara de Extensão.

O professor de Antropologia e coordenador da ACE “Haitianos em Manaus”, Sidney Antonio da Silva, trouxe experiências desenvolvidas junto aos latinos americanos (bolivianos, peruanos e paraguaios) residentes em São Paulo, que contribuiíram para a inserção deles na sociedade, aplicadas no referido projeto. Segundo o professor, não há diferenças em estudar e compreender as necessidades dos imigrantes haitianos alocados na capital amazonense das do restante do país, e fez uma analogia com a saída em massa dos nordestinos para São Paulo.

Além da reitora, professora Márcia Perales, do pró-reitor da Proexti, professor Frederico Arruda, da assessora da ARII, professora Regina Marinho, e dos estudantes haitianos, estiveram presentes na reunião, o pró-reitor adjunto da Pró-reitoria de Ensino de Graduação, professor Adilson Hara, a assessora especial de Articulaçao Política, professora Magela Mafra, e as representantes da Pastoral do Migrante, irmãs Santina Perin e Aparecida de Souza Lopes.

Reunião

A Ufam promove no próximo sábado, dia 28 de janeiro, às 16h, na Paróquia de São Geraldo, bairro do mesmo nome, reunião com imigrantes haitianos, cujo objetivo é ouvir as necessidades e demandas desses imigrantes, e, assim, construir um edital específico que atenda a esse grupo.

Participarão da reunião a equipe da Pró-reitoria de Extensão e Interiorização (PROEXTI), da Assessoria de Relações Internacionais e Interinstitucionais (ARII) e da Assessoria Especial de Articulação Política.

Fonte: Ufam