Uso racional da biodiversidade amazônica está na pauta de discussões do PCTI/Amazônia
CIÊNCIAEMPAUTA, POR CARLOS FÁBIO GUIMARÃES E LAIZE MINELLI
A Amazônia sempre foi alvo de discussões no cenário brasileiro ou mundial. Do investimento econômico visando à preservação do ambiente ao desenvolvimento sustentável com a utilização racional e eficaz de seus recursos naturais, a região que concentra a maior biodiversidade do planeta possui caráter estratégico para o avanço do País, especialmente no segmento da Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I).
Em recente artigo publicado no jornal da Ciência por um grupo de pesquisadores liderado pelo doutor Charles Clement, o cientista faz um alerta para a destruição da biodiversidade amazônica e propõe uma “Revolução Beckeriana” para a biodiversidade brasileira. A revolução faz alusão ao nome da professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e uma das principais pensadoras brasileiras sobre a realidade amazônica, Bertha Becker.
Entre as propostas da “revolução” estão a maior atenção e valorização dos produtos amazônicos; o papel e a importância das instituições federais, estaduais e privadas na área de CT&I na Amazônia; uma concentração maior de recursos humanos qualificados na região; uma filosofia de descentralização de recursos federais para CT&I em prol das Fundações de Amparo às Pesquisas dos estados amazônicos. Clement inclui outras propostas como a identificação de demandas de mercado para os recursos biogenéticos, desenvolvimentos de produtos capazes de agregar valores das regiões e o fomento a interação entre empresas e comunidades. Somados, os avanços científico, tecnológico e de inovação têm-se as bases para melhoria da qualidade de vida da população e, consequentemente, o aumento dos ganhos econômicos e sociais para a Amazônia.
NA CONTRAMÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA
Por outro lado, representantes do Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de CT&I (Consecti) e de Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) da Amazônia Legal – estados da região Norte mais os estados do Mato Grasso e Maranhão – já debatem sobre esta “revolução”. Conscientes que é necessário uma estratégia ousada e eficaz para a Amazônia, os gestores de CT&I estão mobilizados na formulação de um plano regional, feito pelos próprios atores locais.
Desde o final de outubro de 2012, os secretários de CT&I e presidentes de Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa da Região Norte, em conjunto com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), estão empenhados na elaboração do Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação para a Amazônia (PCTI/Amazônia) para os próximos 20 anos.
É sabido que apesar de vizinhos, os estados nortistas possuem economias e realidades completamente distintas. O PCTI/Amazônia se torna fundamental por trabalhar as particularidades regionais, buscando mobilizar coletivamente os participantes para que se possa estabelecer um desenvolvimento global. Para atender ao critério desse investindo no potencial que cada Estado possui, o MCTI delegou ao Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) a missão de intermediar os diálogos com os atores estaduais. Em Manaus, a reunião será no dia 5 de abril, no auditório do Instituto Leônidas e Maria Deane – Fiocruz Amazônia.
Operacionalização de recursos federais e estaduais para apoiar projetos específicos; investimento em qualificação de recursos humanos, objetivando o desenvolvimento sustentável; apropriação responsável da biodiversidade de cada estado e, sobretudo, a utilização racional da riqueza da floresta amazônica, tudo baseado numa visão coletiva e consensuada das instituições regionais de CT&I é o que se pretende alcançar com o PCTI/Amazônia. As instituições de CT&I da região Norte precisam “abraçar” a causa, mobilizando-se para o fortalecimento e consolidação da iniciativa.
Eventuais parceiros para apoiá-lo já mostraram interesse, participando das primeiras reuniões sobre o PCTI, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), Banco da Amazônia (BASA) e Superintendência Nacional da Amazônia (SUDAM). O plano final está previsto para outubro de 2013. A hora é de participar e colaborar para o avanço da região Amazônica.
CIÊNCIAemPAUTA, por Carlos Fábio Guimarães e Laize Minelli