Wilson Coury, da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
Criada em 1989 pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) é uma instituição sem fins lucrativos e a primeira rede de acesso à internet no Brasil que interliga instituições e comunidade acadêmica.
De passagem por Manaus para participar da cerimônia de inauguração do primeiro Centro de Dados Compartilhados (CDC) do Brasil, instalado no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), no dia 8, o diretor de Gestão da RNP, Wilson Coury falou sobre o papel da Rede para o armazenamento de dados de grandes coleções do conhecimento no País e dos esforços que a RNP vem fazendo para romper as barreiras da comunicação existentes na região amazônica.
CIÊNCIAemPAUTA: O que a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) faz?
Wilson Coury: A RNP, uma das maiores redes do mundo atualmente, oferece conexão gratuita de internet para instituições federais de ensino superior ligadas ao Ministério da Educação (MEC), para unidades de pesquisa federais ligadas ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e para outras instituições de ensino e pesquisa públicas e privadas.
CIÊNCIAemPAUTA: Que ações a RNP desenvolve na Região Amazônica?
WC: A RNP está concentrando um esforço especial nesta região, onde estamos implantando nas capitais da Amazônia Legal salas de telepresença, tentando diminuir a distância e a grande barreira natural que anda com própria floresta. A RNP, por meio da comunicação a distância, atua para que os interessados pelo desenvolvimento científico, tecnológico e educação possam estar compartilhando informações. Outro grande projeto, que embora seja em nível nacional contempla essa região é o chamado Veredas Novas, que visa ampliar a infraestrutura de acesso a redes de educação e pesquisa para o Brasil e levar a comunicação à distância para todos, fazendo com que a integração nacional efetivamente aconteça. Além disso, temos agora a coordenação e operacionalização do Centro de Dados Compartilhados (CDC) de Manaus, onde os recursos de armazenamento e processamento do datacenter estarão disponíveis às universidades e institutos de pesquisa de todo o País. A rede também está com uma infraestrutura de cabos subfluviais que vai integrar os ribeirinhos a partir do rio Amazonas e a ampliação da capacidade satelital da região.
CIÊNCIAemPAUTA: Na sua opinião, qual o maior desafio da RNP nessa região?
WC: Montar uma infraestrutura de cabos subfluviais com cerca de 3 mil quilômetros para ligar todas as localidades ribeirinhas do rio Amazonas é, na minha opinião, um projeto desafiador no campo científico, tecnológico e de engenharia que está sendo buscado em parceria com a financiadora de estudos e projetos do MCTI e da iniciativa privada.
CIÊNCIAemPAUTA: A partir de quando o interior do Amazonas poderá contar com essa infraestrutura?
WC: A previsão é para 2016, mas já este ano o cabo subfluvial começa a ser estudado e desenhado. O aumento da capacidade satelital envolve cerca de 60 localidades do interior do Amazonas. O progresso que está ocorrendo por meio das operadoras de telecomunicações que estão chegando com fibra ótica, vinda por meio da Venezuela e interligando o cabo submarino entre Fortaleza e Caracas irá nos favorecer de tal maneira que poderemos usufruir dessa comunicação, ampliando também do lado oeste para leste, em direção ao interior da Amazônia Legal.
CIÊNCIAemPAUTA, por Mirinéia Nascimento